Soares da Costa em risco de ser afastada do Hotel Monumental, no Porto

Mário Ferreira diz que pode trocar de construtora se se provar que há trabalhadores com salários em atraso, apesar da verba adiantada para o evitar, superior a um milhão de euros

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Diogo Baptista

A Soares da Costa, que está a construir o Hotel Monumental, na Avenida dos Aliados, no Porto, pode ser afastada da empreitada se se comprovar a denúncia feita pelo Sindicato da Construção de Portugal de que há trabalhadores na obra com salários em atraso. O empresário Mário Ferreira, dono da Mystic Invest, responsável pelo hotel, diz que nesta fase está “a avaliar a situação”, admitindo estar “preocupado”. E garante que se se confirmar a denúncia do sindicato tomará “uma decisão muito rápido”, que poderá passar pela escolha de outro empreiteiro para continuar com a obra, cuja conclusão está apontada para a Primavera de 2017.

Em comunicado, esta terça-feira, o sindicato garantia que a Douro Azul (outra empresa de Mário Ferreira) “vai retirar a Soares da Costa da obra” e numa convocatória para uma conferência de imprensa esta quarta-feira explicava que essa decisão teria sido tomada por a construtora ter desviado 1,5 milhões de euros pagos pelo empresário. Ao PÚBLICO, Mário Ferreira garante que não está tomada qualquer decisão, mas confirma que a Mystic Invest fez “um adiantamento superior a um milhão de euros” à construtura, para garantir que ela teria “liquidez e que não haveria atrasos”. “Não tínhamos qualquer indicação de que haveria salários em atraso. Queremos ver a equipa motivada e, por isso, não aceitamos que, a ser verdadeira, esta situação continue. O que eu disse ao sindicato é que se isso se comprovar é muito grave e pode levar a anular a decisão [que tomamos na escolha da construtora]”, diz.

O empresário refere que “havendo evidências” irá “tomar medidas”, lamentando: “Os sinais não são bons”. Além da denúncia do sindicato, Mário Ferreira disse ter recebido alertas, na semana passada, que a obra estaria praticamente parada, por uma empresa de trabalho especializado que ali operava na altura ter “abandonado a obra”. “Tentamos saber o que se passava e ninguém nos deu explicações plausíveis, mas os trabalhadores [daquela empresa] voltaram”, diz. O empresário diz também que, desde a denúncia do sindicato, tentou contactar o presidente da Soares da Costa, Joaquim Fitas, mas sem sucesso. “Não só não atendeu como não respondeu [de volta]. Estamos com um mau pressentimento”, diz.

Contactada pelo PÚBLICO, a Soares da Costa começou por dizer que não havia qualquer problema com a obra. Confrontada mais tarde com as preocupações manifestadas por Mário Ferreira, a empresa não prestou qualquer esclarecimento. Já Mário Ferreira diz que irá averiguar o assunto, aguardando que o sindicato cumpra a promessa de lhe enviar a lista dos trabalhadores que estarão há mais de um mês com salários em atraso.

A escolha da Soares da Costa para construir o hotel de luxo na Avenida dos Aliados foi feita por Mário Ferreira em Outubro do ano passado. Dos 20 milhões de euros de investimento anunciado, 8,3 milhões dizem respeito à empreitada adjudicada à construtora.

O edifício acolherá o hotel de luxo, com 78 quartos, incluindo várias suites, um restaurante, piscina, entre outros equipamentos, e 20 apartamentos T1, destinados a residências prolongadas, com o apoio do hotel. O projecto abrange ainda a recuperação do histórico Café Monumental. 

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