Incidentes xenófobos na Polónia: “Não ficamos surpreendidos”

Estudante portuguesa em Erasmus na Polónia reporta ter presenciado situações de racismo, sobretudo com estudantes turcos como alvo. Agência Nacional aconselha os estudantes a cumprir as indicações de segurança

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Jim Young/ Reuters

Depois das ofensas xenófobas de que estudantes portugueses foram alvo na Polónia, de acordo com a notícia avançada pelo portal “Rzeszów News”, o JPN falou com uma jovem portuguesa em Erasmus neste semestre no país do Leste europeu. Marta Almeida Lopes, a frequentar o Ensino Superior em Lódz, não se mostra surpreendida com o sucedido. “Nós próprios já vimos e sentimos na pele o racismo e a xenofobia neste país”, conta ao JPN.

Mesmo antes dos incidentes em Rzeszów, a 300 quilómetros da cidade onde estuda, a jovem portuguesa já estava preocupada com este tipo de situações. Mostrando-se “triste” perante o cenário actual, revela conhecer “bastantes casos de amigos de várias nacionalidades, principalmente turcos, que têm passado por episódios desagradáveis”.

Os estudantes oriundos da Turquia são, na sua opinião, os principais alvos de gestos de racismo. “Chamam-lhes terroristas, mandam-nos para a terra deles e chegam a agredi-los fisicamente”, afirma.

Desde que chegou, no início do semestre, à Polónia, a estudante conheceu “polacos extremamente atenciosos”. No entanto, “no geral, é um país intolerante nos dias de hoje”, conclui.

Agência Nacional alerta estudantes

Em comunicado, a Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação, contactada pelo JPN a propósito dos incidentes noticiados pela imprensa, refere que tem mantido “contacto com instituições de ensino portuguesas do Ensino e Formação Profissional e do Ensino Superior que têm manifestado preocupação relativamente à segurança de estudantes portugueses que se encontram em instituições polacas no âmbito do Programa Erasmus, em locais em que tem havido manifestações nacionalistas”.

Na mesma nota, a organização revela ter tido conhecimento das “agressões reportadas pela imprensa ontem [terça-feira]”. Daqui em diante, “a Agência Nacional vai continuar a seguir a situação com as instituições de ensino portuguesas e polacas, e com a Agência Nacional polaca. Recomendamos que os bolseiros cumpram as indicações de segurança emitidas pelas instituições de acolhimento, incluindo recolher obrigatório. Até que esta situação seja ultrapassada, é aconselhável que os bolseiros portugueses estejam atentos e não desrespeitem as normas de segurança em questão”, alertam.

Actualmente, encontram-se 956 portugueses em programas de intercâmbio na Polónia. Segundo números da Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação, 921 são estudantes do Ensino Superior e 35 frequentam estágios de Ensino e Formação. A Polónia é, de acordo com a agência, o segundo destino de portugueses em mobilidade no âmbito do Erasmus+. Em Portugal, existem 1.371 estudantes polacos a frequentar o Ensino Superior.

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