Chapa quatro

Jake Gyllenhaal brilha num filme incapaz de transcender o lugar-comum anónimo do filme de boxe.

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Coração de Aço: em modo de teledisco rap

Os acasos da distribuição portuguesa mostram-nos Coração de Aço depois de Creed, muito embora o filme de Antoine Fuqua seja anterior à surpresa do mais recente capítulo da saga Rocky.

Mas nem a presença de Jake Gyllenhaal ou Forest Whitaker, emprestando alguma dignidade a personagens chapa-quatro, consegue salvar esta remake mal-disfarçada de O Campeão, o melodrama de 1979 de Franco Zeffirelli com Jon Voight e Faye Dunaway que por sua vez já refazia um filme de King Vidor de 1931. É um filme em terceira mão de mais que uma maneira – a história de um pugilista órfão nova-iorquino que perde título, mulher, filha, casa, dinheiro e se vê obrigado a recomeçar do zero marca o ponto em todas as paragens obrigatórias da queda e redenção e do filme de boxe, sem ser capaz de lhes emprestar energia ou convicção. Onde Ryan Coogler dava uma patine de vida quotidiana a Creed, Fuqua filma a sua história em modo de teledisco rap ou combate pago na televisão por cabo: tudo muito sofisticado, muito envernizado, muito certinho – mas também muito anónimo e muito previsível, quedando-se pelos lugares-comuns em vez de os transcender. 

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