Médico reputado diz que assistiu a casos de eutanásia em hospitais

Revelação de António Pereira Coelho foi feita em programa da RTP.

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O médico António Pereira Coelho, ex-membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e professor da Faculdade de Medicina de Lisboa, admitiu num programa da RTP que assistiu a vários casos de eutanásia em hospitais.

“Eu já vivi situações destas. E posso dizer que já assisti a alguns casos destes na minha vida profissional nos hospitais”, assegurou o médico que ficou conhecido como o “pai” da fertilização in vitro em Portugal e estava a participar no programa "Flash 7 Dias" da RTP Internacional. Questionado pelo jornalista, que quis perceber se o conhecido especialista estava mesmo a falar de eutanásia, Pereira Coelho sublinhou que sim mas precisou que estes são “casos extremos”. “São casos em que nós temos a sensação de que não vamos fazer muito mais em favor deste doente”.

Reconhecendo que "provavelmente" vai “chocar um bocadinho” as pessoas, Pereira Coelho sublinhou que até colaborou na altura da morte do seu pai. “Eu próprio colaborei quando foi da morte do meu pai. Uma morte muito arrastada, prevista e previsível para um curto prazo”, recordou. Quem mandava no serviço em que o pai, que entrou em coma, estava internado queria tentar reverter a situação e ele disse que não.

Este não será um caso de eutanásia, mas sim de rejeição de encarniçamento terapêutico (distanásia), frisou o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, confrontado pela RTP com as declarações de Pereira Coelho.  

Perguntas&Respostas sobre morte assistida

Ainda assim, os responsáveis da Ordem dos Médicos, que lamentam que estas afirmações venham confundir ainda mais o debate em curso sobre a morte assistida, querem que Pereira Coelho revele onde assistiu às situações que disse ter presenciado em hospitais e admitem participar destes casos, se se perceber que são casos de eutanásia, uma vez que a eutanásia é crime e configura uma violação do Código Deontológico dos Médicos.

A eutanásia activa, a que está em causa no manifesto e na petição em curso dos defensores da despenalização da morte assistida, implica que o doente esteja consciente e peça de forma reiterada aos profissionais de saúde que lhe antecipe a morte.

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