Existem “soluções financeiras” para agricultores afectados pelo mau tempo

O mau tempo que se fez sentir durante o passado fim-de-semana provocou danos que ainda não se conseguem contabilizar. O IPMA explicou que o temporal que assolou o país de Norte a Sul foi provocado pela passagem de superfícies frontais frias.

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O mau tempo provocou uma vítima mortal, em Albergaria-a-Velha. Adriano Miranda

O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, garantiu esta segunda-feira, em Bruxelas, que haverá "soluções financeiras" para os agricultores afectados pelo mau tempo do passado fim-de-semana, principalmente no Baixo Mondego e Douro, tendo acrescentado que o levantamento dos prejuízos está a ser feito.

"Aproveitaria para tranquilizar os agricultores do Douro porque dispomos, no quadro da política nacional e dos instrumentos financeiros da política agrícola comum, de soluções financeiras que permitem, sem encargos adicionais para o Estado português, suavizar e financiar uma grande parte - senão a totalidade - dos prejuízos de que venha a ser informado", disse o governante.

O ministro acrescentou que tem estado em contacto com "os directores regionais das regiões mais atingidas - o Baixo Mondego e o Douro: "Temos estado a trocar informações pelo telemóvel e constato que, de facto, pelo menos no Baixo Mondego, os problemas são menores".

Na região do Douro, que Capoulas Santos visita esta terça-feira, os prejuízos são provenientes "sobretudo do desmoronamento de muros dos socalcos ".

O programa de desenvolvimento rural inclui a medida de reposição do potencial produtivo que permite, com recursos financeiros da política agrícola comum e do Estado português, "mas sem aumento de despesas para o Orçamento do Estado", acudir a situações deste tipo, assegurou. O tecto financeiro é suficientemente amplo para acudir às situações já identificadas, sublinhou ainda o ministro, que se reuniu em Bruxelas com os seus homólogos europeus. 

Inundações provocadas pela subida dos caudais dos rios, aluimentos de terras, derrocadas e quedas de muros graças à forte precipitação levaram a população a precaver-se e a tentar minimizar os estragos, que já se previam. No entanto, o mau tempo provocou uma vítima mortal e elevados prejuízos em habitações e culturas agrícolas.

Um homem foi levado no sábado pela corrente do rio Vouga, quando circulava de bicicleta na estrada da Cambeia, que liga a ponte de Cacia a Angeja. Foi encontrado 24h depois de dado o alerta do seu desaparecimento, já sem vida.

No Norte do país, as chuvas intensas que afectaram os municípios durienses de Santa Marta de Penaguião, Mesão Frio, Peso da Régua e ainda o distrito de Vila Real, levaram a uma série de derrocadas, quedas de muros e aluimentos de terras e estradas. Sendo as vinhas, olivais e campos de batatas importantes fontes de sustento para as populações, os agricultores vão agora fazendo contas aos estragos. A chuva arrasou as culturas e até o acesso a elas: “As vinhas nem se vêem, nem cepas, nem pedras, nem arames, nem nada. Tinha uma vinha nova e também nem se vêem os enxertos, ficou tudo arrasado”, relatou uma agricultora de 65 anos, Perpétua Cardoso.

Como Perpétua, muitos agricultores viram as suas culturas desaparecer com a força das águas. Sem seguros que cubram os danos, a situação torna-se preocupante. “Mexe com a economia da freguesia e das pessoas que só possuem esta fonte de rendimento, que é a vinha”, explica o presidente da junta de freguesia de Fontes, Hugo Sequeira.

Ainda na zona duriense, no Peso da Régua, um deslizamento de terras soterrou parcialmente uma habitação de onde tiveram de ser retiradas duas pessoas durante a noite de domingo. O rio Sousa também teve uma subida do caudal, no concelho de Gondomar, e provocou algumas inundações e cortes de estrada. 

Já em Ponte de Lima, na noite de domingo, outras quatro casas foram afectadas por novo desabamento de terras. No total tiveram de ser evacuadas 12 pessoas, não existindo risco de colapso das casas, segundo o comandante dos bombeiros locais.

As linhas ferroviárias do Norte e do Vouga viram também a sua circulação muito dificultada e até interditada durante o fim-de-semana.  A linha do Vouga teve a circulação entre Aveiro e Eirol suspensa no domingo, tendo sido reaberta esta segunda-feira, embora com algumas restrições de velocidade. Suspensa no domingo também devido ao temporal, a ligação ferroviária entre Alfarelos e a Figueira da Foz iria ser retomada nesta segunda-feira à noite, de acordo com informações prestadas por uma porta-voz da CP.

Todas as barras a norte de São Martinho do Porto estiveram fechadas esta segunda-feira, com excepção do porto de Leixões, que esteve aberto a toda a navegação, e da barra de Viana do Castelo, fechada a embarcações com comprimento inferior a 30 metros. No resto do país, na zona sul e nos arquipélagos, todas as barras estiveram abertas.

Entretanto, o país está a regressar à normalidade. Segundo Sandra Correia, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, os estragos foram provocados por ondulações frontais frias. Para o resto da semana está prevista uma acentuada descida das temperaturas. Um anticiclone situado sobre os Açores está a trazer para o continente um fluxo de ar frio dos países nórdicos que irá permanecer por cá até, previsivelmente, sexta-feira. A partir daí as temperaturas poderão subir, mas prevê-se o surgimento de gelo e a queda de geada nas estradas, fenómeno ao qual os automobilistas têm de estar atentos.

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