CDS prepara-se para ter Melo e Cristas como candidatos

Possíveis sucessores de Paulo Portas clarificam posição nos próximos dias. Partido já espera que os dois avancem.

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Nuno Melo e Assunção Cristas podem mesmo confrontar-se no próximo congresso Paulo Pimenta

A sucessão de Paulo Portas à frente do CDS-PP deverá ser disputada por, pelo menos, dois candidatos – Nuno Melo e Assunção Cristas. A decisão de ambos deverá surgir ainda esta semana - o eurodeputado marcou para esta quinta-feira uma declaração na sede do partido sobre o assunto - e o partido já espera que os dois avancem.   

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A sucessão de Paulo Portas à frente do CDS-PP deverá ser disputada por, pelo menos, dois candidatos – Nuno Melo e Assunção Cristas. A decisão de ambos deverá surgir ainda esta semana - o eurodeputado marcou para esta quinta-feira uma declaração na sede do partido sobre o assunto - e o partido já espera que os dois avancem.   

Entre esta quinta e sexta-feira deve ficar claro se os dois vice-presidentes avançam para a liderança do CDS, que vai ser decidida no congresso do partido a 12 e 13 de Março. Os dois têm estado em reflexão sobre a possibilidade de avançarem com as candidaturas, mas a dúvida já não se deverá prolongar no tempo, até para evitar a última semana da campanha das presidenciais.

A questão está a ser gerida com cuidado pelos dois, para que a disputa interna não surja como uma divergência profunda no partido. 

Apesar da prudência, os militantes próximos de um e de outro têm estado a perceber que apoios vão ter. Ainda que as distritais não tenham tomado posição, é certo que Nuno Melo contará com o apoio de boa parte de Lisboa, Porto, Braga (as mais importantes), além de Viana do Castelo e de Viseu.

Por seu turno, a ex-ministra da Agricultura conta para já com o apoio da distrital de Leiria, onde foi cabeça de lista dos candidatos do CDS a deputados.

É ainda desconhecida a posição da Juventude Popular (JP), que detém cerca de 10% do universo total de delegados ao congresso. Francisco Rodrigues dos Santos, líder da JP, assegura que a estrutura pode vir a apoiar um dos candidatos. “Não excluímos o apoio a uma das candidaturas”, diz ao PÚBLICO, acrescentando que a escolha “não se baseará apenas no carisma, mas também no programa e ideias para o partido”. Francisco Rodrigues dos Santos defende que, no novo ciclo, “o partido deve tornar-se mais forte, com capacidade de renovação e capacidade de reinvenção do discurso político”.

Os delegados ao congresso do CDS-PP terão, assim de decidir entre dois candidatos com perfis bem diferentes, se outros não vierem a surgir. Nuno Melo é filiado no partido desde o princípio dos anos 1990 (não passou pela Juventude Popular), antes de Paulo Portas entrar no CDS, e fez todo o percurso dentro do partido até chegar a vice-presidente com o pelouro das relações institucionais. Foi militante em Vila Nova de Famalicão (é natural do concelho), líder da concelhia e presidiu à distrital de Braga durante uma década.

Assume o lugar de deputado em três legislaturas – a primeira em 1999 –, tendo substituído José Ribeiro e Castro, eleito entretanto para o Parlamento Europeu. Tornou-se líder parlamentar entre 2004 e 2007 e chegou a vice-presidente do partido em 2009. É eleito eurodeputado nas europeias desse ano e é reeleito pela lista da coligação PSD/CDS em 2014. No seu currículo consta um louvor do Regimento de Cavalaria III.

A este advogado de 49 anos (fará 50 dias depois do congresso) falta-lhe a experiência governativa que tem Assunção Cristas. Natural de Luanda, Angola, a vice-presidente do CDS desde 2011 entrou para o partido pela mão de Paulo Portas que a indicou para a comissão política em 2007, depois de a ter visto num debate televisivo a defender o ‘não’ à alteração da lei do aborto.

No congresso seguinte, em 2009, é eleita vice-presidente. Em 2011, após as legislativas e a coligação PSD/CDS, é convidada por Portas a ocupar o lugar de ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, um super-ministério, que é reduzido à pasta de Agricultura e Mar na remodelação governamental realizada após a crise do irrevogável. Com 41 anos, é licenciada em direito e tem um doutoramento em direito privado. Actualmente é deputada na Assembleia da República.