Dezenas de mortos em atentado no Oeste da Líbia

Explosão em centro de treino da polícia acontece após três dias de ataques do Estado Islâmico a terminais petrolíferos no Leste.

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Mais de quatro anos após a queda de Khadafi a Líbia continua na mão de dezenas de milícias Goran Tomasevic/Reuters

Dezenas de pessoas morreram na explosão de um camião armadilhado num centro de treino de Zinten, cidade no Oeste da Líbia controlada pelo executivo sediado em Trípoli.

O atentado, que não foi reivindicado, aconteceu depois de uma nova ofensiva de grupos filiados no Estado Islâmico contra os dois maiores terminais petrolíferos da Líbia, na costa leste do país. As forças líbias leais ao governo reconhecido internacionalmente garantem que os portos de Es Sider e Ras Lanuf continuam em seu poder, mas após três dias de ataques cinco grandes depósitos de combustível estão a arder.

Há números diferentes para o total de vítimas do atentado desta quinta-feira, com os balanços a variar entre os 47 e os 65 mortos, mas mesmo as estatísticas mais conservadoras são suficientes para fazer deste o atentado mais sangrento na Líbia desde a revolta que conduziu ao derrube do regime de Muammar Khadafi, em 2011. O presidente da autarquia local, Miftah Hamadi, contou à Reuters que o camião, conduzido por um bombista-suicida, explodiu num momento em que estavam no local cerca de 400 recrutas . A explosão, "ouvida a quilómetros de distância", provocou mais de uma centena de feridos, muitos dos quais foram transportados em ambulâncias e carros particulares para a cidade vizinha de Misurata.

A Líbia continua a afundar-se numa espiral de caos e violência desde a rebelião de 2011, com o país nas mãos de dezenas de milícias e tribos rivais, dois governos e dois parlamentos rivais – um sediado em Trípoli e outro, saído das últimas legislativas, que mudou a sua sede para o Leste do país por causa da insegurança instalada na capital.

O vazio político e de segurança está a ser aproveitado pelo Estado Islâmico, que tem vindo a reforçar a sua presença no país e controla já Sirte, a cidade natal de Khadafi, multiplicando atentados contra as forças de segurança e ataques para tentar apoderar-se das grandes instalações petrolíferas do país. Alarmada pela expansão dos jihadistas, os países ocidentais tentam convencer as facções políticas rivais a apoiar um plano das Nações Unidas para a formação de um governo de unidade nacional, até agora sem sucesso.

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