Não seria uma desilusão, dizia Jorge Jesus, se o Sporting não se qualificasse para os 16 avos-de-final da Liga Europa. Ainda teria mais três objectivos pela frente. Podia ter acontecido mais cedo, não fossem alguns acidentes de percurso, mas os “leões” acabaram mesmo por celebrar a qualificação, triunfando sobre o Besiktas por 3-1, terminando em segundo lugar do Grupo H, atrás do Lokomotiv de Moscovo, vitorioso na Albânia frente ao Skenderbeu. Depois de uma exibição pobre durante mais de uma hora, com uma situação de desvantagem pelo meio, os “leões” conseguiram dar a volta e vão continuar com um calendário carregado pelos compromissos europeus.

No jogo do tudo, Jesus apostou tudo, o que é dizer, lançou a primeira unidade, aquela que luta por vitórias no campeonato, definido pelo técnico “leonino” como o objectivo número um. Defesa, meio-campo e ataque, tudo a 100%. Depois de cinco jornadas de poupanças com resultados desiguais, esta não era, de facto, noite para poupar, mesmo que este fosse o segundo de cinco jogos que o Sporting tem de fazer em 15 dias, todos com o asterisco de decisivos.

Os primeiros dez minutos do Sporting fizeram justiça a um “onze” rodado e experiente. A baliza era o objectivo fixo e os “leões” tinham pressa em lá chegar. Dez minutos depois, o Sporting rodado e experiente deu lugar a um Sporting frágil e nervoso e o Besiktas, tão elogiado pela sua capacidade ofensiva, tomou conta das operações.

O Sporting abriu brechas em sítios inesperados. William Carvalho, sempre tão fiável no posicionamento e no passe, foi o protagonista de inúmeras perdas de bola. E a defesa não tinha argumentos para os avançados da equipa turca. Aos 14’, Quaresma faz o cruzamento e Mário Gomez, isolado à entrada da pequena área, só não fez o golo porque se atrapalhou com a bola. O Sporting respondia com pouco e só uma cavalgada de William aos 28’, travada em falta perto da área, animou os adeptos sportinguistas. Do outro lado, Patrício salvou aos 40’ um golo que parecia certo, defendendo um tiro à queima de Sahan.

A exibição nervosa prolongou-se para a segunda parte. Jesus tirou Montero para lançar Gelson Martins, mas a tendência do jogo manteve-se até ao minuto em que o Besiktas marcou. Uma perda de bola de João Pereira a meio-campo deixou o Sporting desequilibrado, Quaresma agradeceu o espaço e fez o cruzamento para Gomez concretizar. Quaresma festejou, tal como a equipa turca e os seus numerosos e barulhentos adeptos.

Jesus arriscou mais, com a entrada de Teo Gutiérrez, e o Sporting arrancou para uma recuperação memorável em poucos minutos. Aos 67’, a classe de Bryan Ruiz deu o primeiro, com um passe para o matador Slimani fazer o empate perante a aproximação do guarda-redes Zengin. O empate ainda não era suficiente para seguir em frente, mas este foi o momento de viragem. Aos 72’, foi Ruiz a fazer o 2-1.

Em cinco minutos, o Sporting fez aquilo que não tinha feito na hora anterior. Mas não iria ficar por aqui. Com o Besiktas, que estava obrigado a arresicar, desarmado atrás, aos 77’, Teo fez o terceiro e tranquilizou Alvalade quanto à continuidade europeia do Sporting.

O segundo lugar significa, contudo, que os “leões” não serão cabeças-de-série no sorteio e podem apanhar equipas como o Manchester United, a Lazio, o Liverpool, ou até terem um reencontro com o antigo treinador, Marco Silva e o seu Olympiacos.