Zero em comparação

Todos os povos que já invadiram outros países, desde os princípios da humanidade, roubaram arte desses países.

Thom Yorke tem andado a ocupar cabeçalhos à custa de comparações com os nazis. Yorke comparou o YouTube e o Google aos nazis e concluiu que, em matéria de roubos de obras de arte, são todos iguais.

Mas o cantor não se fica por aí. Ocorreu-lhe que dizer mal dos nazis poderia fazer passar os britânicos por gente boa. Nada disso. "Na verdade, todos fizeram isso durante a guerra, os britânicos também: roubar arte de outros países. Qual é a diferença?"

Já que está a falar "na verdade", todos os povos que já invadiram outros países, desde os princípios da humanidade, roubaram arte desses países. Chegamos assim à conclusão que os nazis já existem desde o tempo dos sumérios.

Onde quer que haja um museu há um armazém de obras roubadas. Yorke tem razão. O que é mais estranho ainda é haver tão pouca vontade de devolvê-las. Nem é preciso falar nas esculturas do Partenon a que o British Museum chama "Elgin Marbles", a ver se alguém as confunde: ninguém as confunde.

O que Yorke quer dizer é que a raça humana é, desde que veio ao mundo, uma cambada de ladrões. Os fortes e os ricos roubam-se uns aos outros e todos juntos roubam os pobres, para financiar as pilhagens constantes.

No fundo, Yorke até parece desiludido com os nazis: afinal, em matéria de furtos, foram iguais a todos os outros invasores. É por isso mesmo que os nazis são hoje lembrados com terror: ai, rapaz, as obras de arte que aqueles malandros roubaram! Tão previsíveis e tão exemplares...

Sugerir correcção
Ler 1 comentários