Catarina Martins insiste na reestruturação da dívida e avisa Governo sobre a banca

Porta-voz do Bloco defende que reestruturação é “caminho inevitável” e avisa que o Governo não pode “esconder-se” no Banco de Portugal para arranjar soluções para os bancos em dificuldades.

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Catarina Martins Rui Gaudêncio

Ainda a bancada do PS não estava completa para o arranque do segundo dia de debate do programa de Governo e já Catarina Martins punha o dedo na ferida: a porta-voz do Bloco subiu à tribuna para defender a necessidade da reestruturação da dívida pública, medida com que o PS sempre se mostrou contra, e avisou que apesar do acordo com os socialistas, o seu partido não abdicará do seu programa.

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Ainda a bancada do PS não estava completa para o arranque do segundo dia de debate do programa de Governo e já Catarina Martins punha o dedo na ferida: a porta-voz do Bloco subiu à tribuna para defender a necessidade da reestruturação da dívida pública, medida com que o PS sempre se mostrou contra, e avisou que apesar do acordo com os socialistas, o seu partido não abdicará do seu programa.

A dirigente bloquista defendeu também que o Governo não se pode “esconder” atrás do Banco de Portugal para resolver problemas latentes na banca. Antecipando-se às críticas da direita sobre eventuais “ambiguidades” do Bloco face ao acordo que tem com o PS, Catarina afirmou que “recusar esconder problemas não é fonte de instabilidade política; escondê-los, como sempre fez a direita, é que trouxe instabilidade permanente à vida das pessoas”.

Afirmando que o Bloco se empenhou para o compromisso que possibilitou a solução de Governo do PS, Catarina prometeu que o seu partido continuará a ser, “sem ambiguidades mas também sem transigências”, a “garantia do cumprimento do acordo para travar o empobrecimento”. “Do mesmo modo franco com que participámos na construção desta solução, e com o mesmo empenho com que a defenderemos quotidianamente, comprometemo-nos também a não abdicar do nosso programa”, vincou.

Referiu que o Bloco e o PS têm posições diferentes em relação à política de rendimentos, com o primeiro a defender a reposição imediata dos salários e pensões e o aumento significativo do investimento público e privado para criar emprego. E reconheceu em seguida que este caminho “exige um processo de reestruturação da dívida pública que pare a sangria de recursos para fora do país e traga mínimos de justiça à economia”.

Catarina Martins foi mesmo insistente. “Mesmo sem um programa de recuperação de rendimentos e de investimento, a reestruturação da dívida parece-nos um caminho inevitável. O peso da dívida sobre a economia portuguesa é insustentável. Ignorá-lo seria irresponsável e é por isso que nos empenharemos no estudo de soluções concretas para a sustentabilidade da dívida externa portuguesa, condição essencial de soberania e do desenvolvimento da economia.”

A marcação de terreno em relação ao PS não ficou por aí e seguiu para o sector financeiro. Lembrando as perguntas de Mariana Mortágua, na quarta-feira, ao novo ministro das Finanças, Mário Centeno, sobre as dificuldades do Banif e do Novo Banco, Catarina Martins advertiu: “Não pode o Governo esconder-se no Banco de Portugal, nem o Banco de Portugal continuar a apresentar pela calada facturas cada vez mais pesadas aos contribuintes portugueses.”

A porta-voz do Bloco preveniu ainda que o partido irá exigir uma “clara prestação de contas sobre o sistema financeiro e [fará] a defesa intransigente dos interesses do Estado e do erário público face a uma banca e a um regulador que falharam vezes demais”.