Fernando Santos e o jogo com a Rússia: “Inicia-se uma nova fase”

Seleccionador nacional alerta para a qualidade do adversário do encontro de sábado, em Krasnodar.

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Francisco Paraíso/FPF

Apuramento prematuro, ausência dos play-offs. Portugal está a navegar em águas estranhas em relação ao que tinha sido recorrente nos anos anteriores. Ao contrário do que aconteceu no caminho até aos Mundiais de 2010 e 2014 e ao Europeu de 2012, a selecção portuguesa de futebol já tem, nesta altura, a qualificação resolvida. Os play-offs são, desta vez, preocupação para outros. Nesse sentido, a equipa nacional terá hoje (14h, RTP1) um compromisso mais despreocupado perante a Rússia, em Krasnodar. O que não significa inexistência de objectivos. “O Europeu já começou para nós. Estamos já a prepará-lo”, afirmou Fernando Santos.

“Inicia-se uma nova fase. Como sabem, a selecção não tem muito tempo de preparação, não tem muitos jogos, portanto estas duplas jornadas, quer agora quer em Março, têm que servir essencialmente para isso”. Para o seleccionador nacional, a qualidade da Rússia, também já apurada para o Campeonato da Europa do próximo ano, vai proporcionar um excelente teste. “Nos últimos quatro jogos, fez uma afirmação clara da sua capacidade. É uma equipa fortíssima e isso será óptimo para nós. Leonid Slutsky tem feito um trabalho fantástico e estou convencido que será um excelente jogo”.

A partida na Rússia será uma oportunidade para Fernando Santos avaliar soluções alternativas. O Estádio Kuban, em Krasnodar, poderá ser o palco da primeira internacionalização sénior para Rúben Neves, Gonçalo Guedes, Ricardo Pereira e Lucas João, quatro dos 13 convocados com menos de dez jogos pela selecção. Certo é que a equipa apresentada será bastante diferente da utilizada no jogo em que Portugal assegurou o bilhete para França. Sete dos 14 elementos utilizados por Santos nesse encontro com a Dinamarca (Fábio Coentrão, Ricardo Carvalho, João Moutinho, Tiago, Cristiano Ronaldo, Danny e Quaresma), na penúltima jornada da fase de grupos, não estão na convocatória para esta jornada dupla, que inclui também um embate no Luxemburgo.

A gestão significa que haverá espaço para novidades, mas não para experiências, de acordo com o treinador nacional. “Não vamos entrar em experiências num jogo desta importância, contra uma equipa poderosíssima. Será o nosso trajecto normal, independentemente dos jogadores a utilizar. Portugal vai apresentar uma equipa forte, não tenho dúvida, e vai disputar o jogo para o vencer”, garantiu Fernando Santos, que acrescentou que o estilo “não vai mudar” só porque Ronaldo não foi opção.

Sem vitórias na Rússia

A meta mais palpável para este jogo é fácil de apontar: Portugal nunca ganhou — ou sequer marcou — na Rússia (ou na antiga URSS). A formação lusa tem pleno de triunfos no histórico com este adversário (ou a sua versão soviética) quando jogou em Portugal ou em terreno neutro, mas como visitante a história é outra. A primeira visita não correu nada bem. Em 1983, quando o Lujniki ainda se chamava Estádio Lenine, Bento sofreu cinco golos (5-0), mas a goleada não impediu, um ano mais tarde, a primeira presença de Portugal numa fase final de um Campeonato da Europa.

Depois, também em Moscovo, e após o desmembramento da União Soviética, há dois registos de duelos entre russos e portugueses. O nulo em 2005 serviu os interesses da selecção nacional e foi um dos resultados que levaram a Rússia a ficar de fora do Campeonato do Mundo da Alemanha, torneio em que Portugal só foi travado nas meias-finais. No terceiro braço-de-ferro entre os dois países em fases de qualificações (Mundial 2014), a Rússia foi, contudo, mais forte, relegando Portugal para os play-offs, em parte devido ao triunfo no Luzhniki (1-0) construído com um golo de Alexander Kerzhakov.

Esta tarde, se for utilizado por Slutsky, Artem Dzyuba terá o estatuto de perigo número 1 para a baliza portuguesa. O atacante do Zenit São Petersburgo, que poderá ter como adversário directo o colega de equipa Luís Neto, foi o terceiro melhor marcador da qualificação, com oito golos, um total só superado pelo polaco Robert Lewandowski (13) e pelo alemão Thomas Müller (9).

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