Iron & Wine abre este festival de diversidades que é o Misty Fest

O Misty Fest começou em Sintra mas é agora, na sua sexta edição, um festival alargado a diversas salas do país. Deste domingo a 14 de Novembro, passarão pelos seus palcos Iron & Wine, em estreia portuguesa, Cinematic Orchestra, Mayra Andrade, Dom La Nena, Mísia ou Dead Combo.

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Sam Beam, que assina como Iron & Wine, é um dos mais reverenciados cantautores americanos da actualidade DR

Nasceu em Sintra em 2010, dedicado quase exclusivamente às melodias e às palavras de cantautores, mas expandiu-se geográfica e esteticamente nos anos seguintes. Hoje, não são só os cantautores o centro das atenções, apesar de a palavra cantada continuar a ter espaço privilegiado. O Misty Fest que arranca este domingo com o muito aguardado concerto de estreia em Portugal de Iron & Wine no Tivoli, em Lisboa (21h30, 15 a 25 euros), espalha-se por essas duas cidades, por Vila do Conde, Aveiro, Figueira da Foz e Braga.

Hoje, o Misty Fest não se limita a acolher músicos nos palcos que programa: incita-os também a criarem momentos irrepetíveis. Aconteceu há dois anos com Joining Mitchell, o espectáculo que juntou Ana Bacalhau, Márcia, Amélia Muge, Manuela Azevedo ou Aline Frazão, entre outras, para interpretar a música da autora de Blue, ou com o encontro em palco dos guitarristas Tó Trips, Filho da Mãe e Frankie Chavez - e aconteceu o ano passado, por exemplo, com Lura a revisitar a obra de Cesária Évora. Este ano, poderemos ouvir os Dead Combo com as denominadas Cordas da Má Vida, ou seja Carlos Tony Gomes, Bruno Silva e Denis Stetsenko, que ouvimos habitualmente a criar as paisagens sonoras que rodeiam as melodias de Rodrigo Leão (6 de Novembro, CCB, Lisboa), ou Lenine, músico brasileiro que se apresentará num concerto especial, sozinho em palco com as suas guitarras (dia 7 de Novembro, CCB; dia 10, Casa da Música, Porto).

O festival, que encerrará dia 14 de Novembro com o maestro Rui Massena no Teatro Aveirense (dia 6 de Novembro leva o seu Solo ao Teatro Municipal de Vila do Conde) e com o novo concerto de Mísia, baseado no seu disco de revisita a Amália Rodrigues, Para Amália, no São Jorge em Lisboa, última das duas presenças em cartaz da fadista (dia 6 de Novembro apresenta-se no Teatro Aveirense), tem início com a presença de um dos nomes mais reverenciados da última década da canção americana de base folk.

Desde que surgiu em 2002 com The Creek Drank The Cradle que as canções do americano Sam Beam, inicialmente folk despida ao dedilhado das cordas e ao tom confessional da voz, crescendo depois em instrumentação e em arranjos nas proximidades da pop e da soul, foram encontrando mais e mais ouvidos para cativar. Álbuns como The Sheperd’s Dog (2007), ou Kiss Each Other Clean (2011), firmaram a posição do hirsuto Sam Beam, pai de cinco filhos criado no seio de uma família fortemente católica, hoje agnóstico, como nome de referência entre os cantautores da actualidade. O músico estreia-se em Portugal num ano em que lhe conhecemos duas novas edições, Sing Into My Mouth, álbum de versões (Talking Heads, Spiritualized, Sade, David Gilmour) gravado com Ben Bridwell, dos Band of Horses, e Archives Series Volume No. 1, colecção de canções não editadas do período do seu primeiro álbum. Após o concerto de domingo no Tivoli, Iron & Wine actua segunda-feira na Casa da Música (21h, 22 a 25 euros).

Da programação destaca-se também o regresso dos Cinematic Orchestra a Portugal, seis anos depois do último concerto. A banda, nome cimeiro da electrónica divulgada pela seminal editora Ninja Tunes, criadora de música grandiloquente, cinematográfica como o nome indica e com o jazz como referência próxima, vem a Portugal apresentar o primeiro de dois álbuns que editará brevemente (o primeiro sairá já em Novembro, o segundo no início de 2016). Actuarão em dose tripla: primeiro em Braga, no Theatro Circo (dia 7 de Novembro), depois em Lisboa, no CCB (dia 8) e, por fim, no Porto, na Casa da Música (dia 9).

No texto de apresentação do Misty Fest, lemos que este “continuará a privilegiar na substância a palavra, a lusofonia, a actualidade musical, o novo”. Chega então a magnífica voz da nossa bem conhecida Mayra Andrade (4 de Novembro no Coliseu do Porto; 5 no CCB; e 7 no Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz) e aproveitamos para conhecer melhor a cantora e violoncelista brasileira Dom La Nena e o seu novo álbum, Soyo, co-produzido por Marcelo Camelo (4 de Novembro, CCB). Pomos os ouvidos na voz de Maria Mendes, a cantora, muito elogiada pela comunidade jazz (o lendário Quincy Jones não poupou nas palavras), que lançou este ano o seu segundo álbum, Innocentia. Vamos ouvi-la a 6 de Novembro no CCB, e, no dia seguinte, na Casa da Música.

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