Uma mansa tristeza

Tudo em meias-tintas, A Uma Hora Incerta nunca chega a funcionar em termos dramáticos.

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Um ambiente que já existia em Photo, de uma tristeza enorme, que é curiosa mas fica por potenciar DR

Já na sua estreia na realização (Photo, de 2012) trabalhava uma ideia de desenraizamento nascida da história portuguesa recente, e em particular das décadas do Estado Novo. Reconhece-se a persistência temática de algo semelhante em A Uma Hora Incerta que mergulha decididamente na “época” (os anos 40). Mas como em Photo, algo se perde no caminho, tudo fica (os vários dramas, as várias personagens) numa espécie de meias-tintas que nunca chega verdadeiramente, ou eficazmente, a funcionar em termos dramáticos, as personagens feitas silhuetas, as situações “neutralizadas” por uma realização a que parece faltar, mais do que nervo, sentido de uma intenção.

Sobra um ambiente, que já existia em Photo, de uma tristeza enorme (tudo e todos são tristes, naquela “mansa” tristeza portuguesa, como dizia o outro), que é curiosa mas fica por potenciar.

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