O que é ganhar?

Ganhar pode não ser bom. Mentira. É sempre bom. Seja-se de direita ou de esquerda.

É fácil redefinir ganhar. Ganhar é ter participado. Ganhar é não ter medo de perder. E blá blá blá.

Ganhar é fácil de definir: é quem fica à frente. Quem ganhou as eleições de ontem foi a coligação que nos governa. Se tem ou não maioria absoluta (mais deputados do que todos os outros juntos), é secundário.

Ainda não sei, quando entrego estas palavras, se a coligação do PSD e do CDS vai ter ou não maioria absoluta. A única coisa que sei é que os partidos derrotados estão a fazer tudo para nos convencer de que a coligação que teve muito mais votos do que qualquer outro concorrente só terá realmente ganho se tiver obtido a maioria absoluta.

Mentira. Havendo amor à verdade, denunciar-se-ia como é que bastante menos de metade dos votos podem dar uma maioria absoluta. Mas é esse o sistema que todos os partidos aceitaram.

É quase sempre assim em todas as competições. Nos Óscares, como em qualquer outra competição, os votos somados de quem perde são sempre superiores a quem ganha, sozinho, sem mais adições.

A vontade de clamar vitória ou conceder derrota depende de uma atitude que não tem nada de matemático ou de político.

Todas as eleições são maravilhosas. O Bloco de Esquerda – um bom partido – ganhou claramente. Foi, pouco menos do que a coligação PSD/CDS, a grande melhoria. Cada eleição tem de ser bem recebida como um retrato sincero de quem se dá ao trabalho de votar.

Ganhar pode não ser bom. Mentira. É sempre bom. Seja-se de direita ou de esquerda.

Ainda bem.

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