David Penela e uma relação "amor/ódio" entre os humanos e a natureza

"Man & Nature" é a visão de David Penela sobre a relação entre as duas partes. As obras do artista portuense vão estar expostas no Balneário – Lx Factory, em Lisboa, até 15 de Outubro

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David Penela
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“O ser humano julga-se a força dominante do planeta e a natureza manifesta-se vezes sem conta, colocando o homem no seu lugar”. A relação dos seres humanos com a natureza será o mote de "Man & Nature", a mais recente exposição de David Penela que vai ser inaugurada a 18 de Setembro, no Balneário, em Lisboa (onde permanecerá até 15 de Outubro).

O Porto já está habituado às obras de David Penela, Lisboa já não estranha. O jovem de 29 anos tem participado em exposições colectivas e individuais por todo o país e está a começar a dar os primeiros passos lá fora. “O ser humano evoluiu e construiu edifícios belos, muitas vezes com grande impacto no ambiente. A natureza destrói em segundos aquilo que o homem demorou meses a construir”, afirma o jovem artista. É uma exposição que retrata esta espécie de amor-ódio e que pretende demonstrar “a grandeza da natureza e a fragilidade do ser humano”.

Esta vai ser uma apresentação com um carácter mais sério e com uma mensagem mais directa. Quem conhece o trabalho de David sabe que há sempre muito humor e ironia nas suas ilustrações. Em 2011, o P3 conheceu essa fase divertida de David e até apelidou de “ladrão de caras”. Quatro anos passaram e muito mudou. O artista afirma-se mais maduro e com mais confiança.

Em 2011, David ainda estava a estudar Artes Plásticas, na vertente de multimédia, na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Acabou a licenciatura, dedicou-se à ilustração e tirou um mestrado em Desenho e Técnicas de Impressão. “Já não sou aquele estudante de Belas Artes, agora sou um artista com nome próprio”.

A faculdade foi importante na sua formação como ilustrador, mas foi fora das aulas que cresceu. Nessa altura, o artista desenhava cabelos e formas ondulares, tatuagens, barbas e rostos sem olhos, com expressões faciais fortes, que era uma espécie de imagem de marca que julgava ser essencial. “Agora o meu trabalho fala por si, já não preciso de desenhar ou fazer algo muito diferente para me distinguir dos outros”, explica ao P3. “Através dos meus trabalhos dá para perceber como sou e como é a minha arte. As pessoas reconhecem facilmente as minhas obras”, continua.

David fez do Porto a sua casa, explorou novos interesses e técnicas, evoluiu o seu trabalho e amadureceu. “Quando era estudante tinha medo que as pessoas não gostassem do meu trabalho. Agora essas coisas já não me afectam”, confessa. O seu estilo pessoal ainda não estava bem definido.

Enquanto estava na faculdade agregou-se à Ó! Galeria, onde já conheciam alguns trabalhos. Esta parceria abriu-lhe portas pouco a pouco – começou a fazer exposições “flash” de um dia, conheceu “as pessoas certas” e fez contactos. Entretanto, o seu trabalho aceite numa feira de arte em Paris que ajudou a difundir a sua arte no estrangeiro.

Actualmente, os pedidos de trabalhos são uma boa forma de explorar novos temas e novas técnicas. “Já não posso ser como antes: o artista à espera da fonte de inspiração, da sua musa. As pessoas pedem-me determinados trabalhos e eu não tenho muito tempo para estar à espera de inspiração: investigo, exploro o tema, faço vários rascunhos, reúno as melhores partes desses desenhos e crio a minha obra final”, explica o jovem ilustrador.

Os materiais mais usados pelo artista enquanto estudante eram exclusivamente o pincel e a tinta-da-china, entretanto novas paixões foram encontradas como o uso de cor, o “spray”, a grafite e o stencil. David confessa que já tentou ser mais realista e que não gostou nada. “Percebi que para fazer algo bem não é preciso ser realista. Há certas coisas que, por mais que tente, não consigo desenhar, como por exemplo gatos”.

O jovem não tem nenhuma meta definida, porque acredita que chegar a uma meta é acabar a corrida. Desde 2007, que faz exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro e revela que quer continuar a desafiar-se, a sair da sua zona de conforto, com o sonho de ser mais reconhecido fora de Portugal.

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