“A cultura é o melhor antídoto para a incultura”

Cinquenta anos da abertura da delegação da Gulbenkian em França foram assinalados esta terça-feira em Paris, na presença de Anne Hidalgo

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Anne Hidalgo em Setembro de 2013, durante uma visita à exposição de Amadeo de Souza-Cardoso no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, em Lisboa AFP/PATRICIA DE MELO MOREIRA

A situação actual e a discussão sobre o que a Europa deve fazer – e ser – perante a crise dos refugiados estiveram presentes, esta terça-feira, na cerimónia em que foi oficialmente assinalada a passagem dos 50 anos da criação do Centro Cultural Calouste Gulbenkian em Paris

Quem se lhe referiu abertamente foi a presidente da câmara parisiense, Anne Hidalgo, que disse ver na acção da agora designada Delegação em França da Gulbenkian a possibilidade de os dois países responderem em conjunto aos novos desafios da Europa.

“A cultura é o melhor antídoto para a incultura”, que gera “a falta de respeito pelo outro”, acrescentou a socialista, que foi a principal convidada francesa numa sessão que contou também, para além de uma forte delegação lisboeta da Gulbenkian, com a presença de Rui Machete, ministro dos Negócios Estrangeiros, e do secretário de Estado da Cultura, Barreto Xavier.

“A Gulbenkian é uma espécie de universidade portuguesa em Paris”, disse Machete, acreditando que esse papel vai continuar e também adaptar-se aos novos desafios que a Europa enfrenta neste tempo em que a França foi superada pelos anglo-saxónicos na língua e na comunicação mundial.

A base da intervenção do ministro foi o livro de Rui Ramos sobre a história do meio século da Gulbenkian em Paris, também apresentado na sessão. Primeira versão de um trabalho ainda em curso, Quando Portugal falava francês, título do estudo, faz a radiografia de uma instituição que acompanhou – nem sempre de forma empenhada ou bem-sucedida, notou o historiador – e foi reflexo da conjuntura europeia. E que agora entrou finalmente na “fase internacional”, em que está a participar no projecto de “uma Europa integrada, que fala a várias vozes e a várias línguas”, acrescentou Rui Ramos.

Foi esse, também, o desafio enunciado por Artur Santos Silva, presidente da Gulbenkian, ao falar da delegação em França como “uma plataforma de afirmação da língua e da cultura portuguesas e da diáspora, numa Europa cada vez mais diversa”.

O programa da sessão incluiu também a inauguração da exposição colectiva Au sud d’aujourd’hui, comissariada por Miguel von Hafe Pérez, a mostrar a arte que hoje se faz em Portugal, marcada pela circulação internacional e pelo cosmopolitismo. A exposição inclui obras de Ana Santos, André Cepeda, Arlindo Silva, Carla Filipe, Carlos Bunga, Daniel Barroca, João Maria Gusmão e Pedro Paiva, Mauro Cerqueira, Sónia Almeida e Von Calhau!

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