MRPP apela à união para impor governo "de unidade democrática e patriótica"

Garcia Pereira dirigiu críticas ao Governo PSD e CDS e também aos socialistas.

Foto
Garcia Pereira diz que o país regressou “aos piores tempos da governação salazarista” Pedro Cunha

O cabeça de lista por Lisboa do PCTP/MRPP, Garcia Pereira, esteve nesta sexta-feira em campanha no Bairro 2 de Maio, na Ajuda, apelando à união para impor um governo "de unidade democrática e patriótica".

"Viemos aqui dizer que é preciso mudar isto, que é preciso correr com os responsáveis por esta situação - o PSD e o CDS, que estão actualmente no Governo, mas também o PS de Costa, que não difere dessa política", afirmou Garcia Pereira à Lusa, à margem da visita àquele bairro lisboeta.

O dirigente do PCTP/MRPP defendeu ser "preciso que todas as pessoas que são democratas e patriotas, e que amam suficientemente o seu país para não aceitarem este estado de coisas, se unam para impor um governo de unidade democrática e patriótica".

No Centro de Dia do 2 de Maio, o candidato ouviu, entre outras, a história de "uma senhora que trabalhou mais de 40 anos na Lisnave e que no fim da sua existência, quando devia ter direito a ter uma vida tranquila, está na situação em que estão a maioria dos idosos". "Isto é, com a sua pensão atingida pelos cortes, com medicamentos cada vez mais caros e numa situação de enorme dificuldade", disse.

Para Garcia Pereira, este caso "é emblemático da situação do país". "Um país de pessoas idosas, frequentemente por completo abandonadas à sua sorte, sem dinheiro para se alimentarem condignamente, sem dinheiro para se tratarem como deve ser e sentindo que apenas se espera que elas morram para ser menos uma pensão que o Estado paga", afirmou.

O cabeça de lista por Lisboa do PCTP/MRPP às eleições legislativas de 4 de Outubro escolheu visitar o centro de dia do bairro, por ser dirigido por uma associação "que tem vindo a desempenhar um papel muito meritório, inclusivamente substituindo-se ao Estado nas suas obrigações", já que "assegura a alimentação a umas dezenas de pessoas, um espaço de convívio [para idosos] e uma creche para crianças até aos dois anos".

"Tudo obrigações que deviam ser do Estado e que, em particular em relação às pessoas idosas, não as assegura nem as cumpre. Estas pessoas, se não fosse o trabalho desta associação, estariam completamente abandonadas como um trapo e isso é também o retrato do país que nós temos hoje", afirmou.

A escolha do Bairro 2 de Maio para esta acção de campanha não foi por acaso. Além de ser "um dos bairros populares de Lisboa", é "um bairro com tradições de luta".

"Tem esse nome pelas ocupações que foram feitas de casas imediatamente a seguir ao 25 de abril [de 1974], a 2 de Maio, quando havia imensas pessoas necessitadas de habitação e havia casas em condições de serem utilizadas, que não estavam a ser atribuídas e que as pessoas muito justamente, o povo, tratou de resolver o problema ocupando essas casas. E o MRPP teve também um papel importante nessas ocupações, aqui e no Bairro da Boavista", contou.

Além disso, naquele bairro lisboeta "estão muitos elementos do povo" e a campanha do PCTP/MRPP "é dirigida sobretudo às pessoas do povo, aos trabalhadores, aos operários, aos pobres, fazendo um apelo muito vivo a que não aceitem a situação em que eles próprios, e o país, estão hoje colocados, que é um regresso aos piores tempos da governação salazarista".

Sugerir correcção
Comentar