O contrato que nos deu os Beatles vai a leilão e pode valer meio milhão de euros

Documento oficializou Brian Epstein, que ficou conhecido como o quinto Beatle, como agente da banda.

Foi com a ajuda de Epstein que os Beatles se tornaram gigantes da música
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Foi com a ajuda de Epstein que os Beatles se tornaram nos gigantes da música que ainda hoje são AFP
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A venda acontece em Londres a 29 de Setembro AFP
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O documento está ainda assinado pelos pais de McCartney e Harrison AFP
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A morte de Epstein foi o princípio do fim dos quatro fantásticos Reuters

Foi o primeiro contrato do quarteto fantástico, o contrato que os catapultou para a fama. O documento, assinado pelos Beatles e o agente Brian Epstein a 1 de Outubro de 1962, a quatro dias apenas do lançamento do single Love Me Do, vai ser leiloado pela Sotheby’s, em Londres, a 29 de Setembro. A base de licitação é de 300 mil libras (cerca de 408 mil euros).

Se não fosse este contrato talvez tivesse sido outro – os Beatles são os Beatles – mas diz-nos a história que este documento foi importante para a carreira de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr. Daí o preço elevado e que segundo a Sotheby’s poderá mesmo ultrapassar o meio milhão de euros. A estimativa mais alta da leiloeira aponta para as 500 mil libras (aproximadamente 680 mil euros).

Mais do que o documento, é quem o assina que o torna tão importante para os Beatles. Brian Epstein, que morreu em 1967 de overdose, foi peça fulcral na história dos rapazes de Liverpool. Viu-os pela primeira vez em 1961 num pequeno clube de Liverpool, ainda ninguém os conhecia e percebeu o potencial que ali estava. Potencial, esse, que tinha de ser trabalhado. Aqueles rapazes mal vestidos, que fumavam e comiam em palco, precisavam de mudar e Epstein era a pessoa que lhes indicaria o caminho.

Um ano depois de conhecer os Beatles, e já a trabalhar com os Fab 4, Epstein assina o contrato que o torna agente da banda, sendo da sua responsabilidade “todos os assuntos relativos ao guarda-roupa, maquilhagem e aspecto” dos quatro músicos. Brian Epstein ganhava ainda poderes para poder despedir algum dos membros dos Beatles caso existisse algum problema que afectasse a harmonia da banda. Também estipulado ficou que os próprios membros da banda podiam votar a saída de algum companheiro e para isso seria preciso que pelo menos duas pessoas o quisessem, além do consentimento por escrito do agente.

Na verdade, nenhuma decisão era tomada sem o conhecimento do gerente, que recebia ainda uma percentagem dos lucros da banda, que variava conforme o valor. O contrato estabelecia o prazo de cinco anos mas Epstein continuou com a banda até ao final dos seus dias, apesar de ter morrido logo em 1967. Ganhou o título de quinto Beatle e até hoje se conta que a sua morte desorientou a banda, acelerando o seu fim. Apenas dois anos depois da trágica notícia, os Beatles começavam projectos individuais e um ano mais tarde McCartney anunciava o fim daquela que era, e continua a ser, uma das maiores bandas da história.

“Sem este contrato, e a relação que ele representa, parece inconcebível que os Beatles tivessem conseguido o que conseguiram: era preciso mais do que inspiração musical e composição para reinventar a música popular”, escreve Gabriel Heaton, da Sotheby’s, no anúncio do leilão, integrado na venda Rock & Pop de 29 de Setembro. “A apresentação, direcção, e a harmonia interna dos Beatles devem-se em grande parte a Brian Epstein. Ele era, como Paul McCartney reconheceu, o quinto Beatle”, acrescenta ainda o especialista da leiloeira em livros e manuscritos.

Além dos quatros Beatles e de Epstein, o documento está ainda assinado pelos pais de McCartney e de Harrison, que tinham então menos de 21 anos.

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