China acusa 11 responsáveis de negligência na explosão de Tianjin

A imprensa oficial chinesa refere que os dirigentes da empresa usaram relações pessoais para obter licenças e deixa subjacente que houve corrupção de funcionários.

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A zona da explosão no porto de Tianjin AFP

As autoridades chinesas, sob pressão para apurar responsabilidades no desastre no porto de Tianjin, anunciaram que 23 pessoas estão presas ou sob investigação. Em comunicado, divulgado pela agência noticiosa oficial Xinhua, é referido que mais 11 pessoas, entre responsáveis políticos e executivos da empresa envolvida, foram acusados de negligência — a BBC diz que não fica claro no documento se foram ou não detidos.

O desastre ocorreu no dia 12 de Agosto no porto da cidade, um dos maiores do mundo, na zona de armazéns da empresa Rui Hai International Logistics. Por razões que não estão ainda apuradas, houve uma explosão que desencadeou outras numa área de contentores de químicos perigosos. O choque foi tão violento que abriu uma grande cratera no solo — milhares de casas ficaram destruídas, 139 pessoas morreram, 500 foram hospitalizadas e 34 ainda estão desaparecidas.

A explosão expôs uma cadeia de irregularidades, que embaraça as autoridades e indigna a população — os habitantes (e milhares ficaram sem casa) organizaram protestos devido à falta de segurança e exigiram ser indemenizados pelos danos, além de exigirem que o local seja limpo rapidamente, até para evitar perigo de contaminação.

As irregularidades começam nas regras de armazenamento de material químico perigoso. Mas também existem nas regras de construção. Há três bairros habitacionais no raio de um quilómetro do terminal de contentores que explodiu, o que é proibido — alguém permitiu que esta área de armazéns fosse construída ali. Alguém permitiu que o armazenamento de material perigoso fosse feito naquelas condições e alguém se esqueceu de reportar (ou de vigiar) as irregularidades nas operações na zona de armazenamento.

Houve muitos regulamentos de segurança e urbanismo que foram violados e, diz a Xinhua: há suspeitas sobre as autorizações dadas à Rui Hai para construir naquele local, há "actividades ilegais" não detectadas no transporte e armazenamento de materiais perigosos e há suspeitas de facilitação de concessão ilegal de licenças.

Entre os 11 acusados de negligência estão o chefe da divisão de transportes de Tianjin, Wu Dai, e chefe do serviço de operações portuárias, Zheng Qingyue, divulgou a Xinhua. Entre os que já tinham sido detidos estão o presidente e o vice-presidente da Rui Hai, Yu Xuewei e Dong Shexuan, assim como o director de segurança, finanças e departamento de operações. São "muito responsáveis" pelo desastre. O chefe do departamento de Administração do Estado e Segurança no Trabalho, Yang Dongliang, foi demitido.

Todos os funcionários estatais ou da administração regional envolvidos são ainda acusados de "grave violação da disciplina e da lei". A imprensa oficial chinesa refere que os repsonsáveis da empresa usaram relações pessoais para obter licenças e deixa subjacente que houve corrupção de funcionários.

As autoridades declararam o local seguro, apesar dos receios iniciais de que a explosão tivesse contaminado parte da cidade e da água.

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