Polícia diz que atentado em Banguecoque foi executado por mais de dez pessoas

A Tailândia está ainda longe dos autores do atentado que matou 20 pessoas. Autoridades pediram ajuda à Interpol e riscam a possibilidade de ter sido um grupo extremista internacional.

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Funeral de pai e filha de quatro anos, ambos vítimas do atentado no centro de Banguecoque Christophe Archambault/AFP

Não há rasto dos suspeitos ligados ao atentado bombista em Banguecoque e as autoridades tailandesas estão ainda longe de perceber quem foram os responsáveis pela explosão de uma bomba no centro da cidade, na segunda-feira, que matou 20 pessoas e deixou 12 feridos graves.

Por enquanto, a polícia vai avançando e eliminando possibilidades. Nesta quinta-feira, o Governo tailandês disse que é “pouco provável” que o atentado tenha sido obra de um grupo extremista internacional e a polícia garantiu que houve “mais de dez pessoas implicadas” no ataque.

“A explosão foi preparada por várias equipas”, disse Somyot Poompanmoung, o chefe da polícia, citado pela AFP. Segundo o responsável, uma destas equipas fez a vigilância do local, outra deu o material para a construção da bomba e pelo menos uma terceira permitiu a fuga dos envolvidos. Na quarta-feira, a polícia procurava mais dois suspeitos de terem auxiliado o suspeito bombista. “Foi uma grande rede”, garante, dizendo também que o ataque terá demorado pelo menos um mês a ser planeado.

A polícia afirma que o principal suspeito é um cidadão estrangeiro, embora não o tenha conseguido identificar através das imagens granuladas e pouco claras das câmaras de vigilância no local. O retrato-robô de um homem alto, jovem, de cabelo negro e barba rala, aparentemente euroasiático, está agora com a Interpol, a quem a Tailândia pediu ajuda nesta quinta-feira, reforçando a ideia de que as autoridades pensam que os suspeitos já se evadiram do país.

Segundo o primeiro-ministro tailandês, Prayuth Chan-ocha, que tem participado publicamente com especulações sobre a investigação, o presumível bombista estava disfarçado quando abandonou a mochila cheia de explosivos à entrada do templo hindu de Erawan, na zona turística de Banguecoque. “Significa que houve preparação. É como se ele soubesse que estaria lá uma câmara”, disse o primeiro-ministro tailandês, citado pela Reuters.

A polícia não subscreve oficialmente a teoria de Chan-ocha e tem sido mais cautelosa do que o primeiro-ministro. Este, por exemplo, avançou pouco depois do ataque de que os responsáveis poderiam ser movimentos antigovernamentais ligados aos governos da família Shinawatra, que liderou a Tailândia antes do golpe militar de 2014. Prayuth Chan-ocha, ex-oficial do exército, lidera a junta militar que está no poder desde o golpe.

A junta militar afasta-se agora da implicação de grupos fundamentalistas internacionais, o que traz de novo o enfoque para grupos domésticos, designadamente os movimentos antigovernamentais ligados aos camisas vermelhas, no Nordeste do país, e muçulmanos separatistas do Sul. Isto apesar de a polícia insistir que o atentado de segunda-feira não se adequa aos métodos habituais dos dois movimentos e de admitir que há poucas provas.

“As agências de segurança que têm cooperado com agências de países aliados chegaram à conclusão preliminar de que é improvável que o incidente esteja ligado ao terrorismo internacional”, declarou Winthai Suvaree, porta-voz da junta militar. E o primeiro-ministro, por sua vez, alertou a região. “Nunca se deu um acontecimento destes na Tailândia, é perigoso para a ASEAN”, disse, referindo-se à Associação das Nações do Sudeste Asiático. 

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