Uma americana em Amã

Um filme cheio de agenda temática (os contrastes culturais, os preconceitos religiosos) gentilmente dissolvida numa comédia familiar “de mulheres”.

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Cherien Dabis é uma realizadora americana filha de pai palestiniano e mãe jordana, e O Verão de May é a sua segunda longa-metragem.

Rezam as crónicas que já no seu primeiro filme (Amreeka, não estreado por cá) abordava questões de identidade cultural, através de uma história de árabes nos Estados Unidos. Fiando-nos nessa informação, podemos dizer que O Verão de May será um pouco o espelho do trabalho anterior de Dabis: uma rapariga de identidade “dividida” (pai americano e mãe jordana), que ficou a viver na América depois da separação dos pais, vai a Amã, na Jordânia, para se casar. A particularidade é que a família é cristã, e o noivo dela é muçulmano. 

Daqui nasce um filme cheio de agenda temática (os contrastes culturais, os preconceitos religiosos) gentilmente dissolvida numa leve comédia familiar “de mulheres” (as irmãs, a mãe), pontualmente assombrada pela realidade política (o avião militar que a dada altura cruza o céu, a lembrar que o Médio Oriente está sempre em sobressalto) e capaz de tirar bom partido da fotogenia dos cenários e das actrizes – como nos filmes da libanesa Nadine Labaki a realizadora Cherien Dabis é também protagonista, e como Labaki Dabis é também uma mulher muito bonita. Mas Labaki, que costuma navegar em territórios aproximáveis (o Caramelo, por exemplo), tem um pouco mais de punch, um pouco mais de verve

Sendo sempre um filme simpático, O Verão de May deixa-se limitar bastante pela sua narração indistinta, sem nada de especial e até razoavelmente televisiva no sentido menos interessante do termo, sempre numa água morna que nada vem aquecer ou arrefecer.

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