A norte-americana Katie Ledecky escreveu neste sábado mais uma página de história na natação, ao acumular medalhas de ouro nos 200m, 400m, 800m e 1500m livres nos Mundiais de Kazan, na Rússia. Um feito único, à medida de uma nadadora que parece ter saído do mesmo "planeta" de Michael Phelps.

A nadadora de 18 anos, nascida em Washington, cumpriu a final dos 800m em 8m07,39s e renovou, desta forma, o título mundial na distância. Mais: estabeleceu outro recorde do mundo, baixando cerca de 3 segundos ao anterior máximo.

Ao bater a neozelandesa Lauren Boyle (8m17,65s) e a britânica  Jaz Carlin (8m18,15), respectivamente segunda e terceira classificadas, Ledecky elevou também para cinco o total de medalhas de ouro nesta edição dos Mundiais (ganhou ainda os 4x200m livres), o que significa que venceu todas as provas em que se inscreveu.

De entre as muitas façanhas da jovem atleta, que começou a nadar aos seis anos, a que marca em definitivo esta competição na Rússia é o quarteto de triunfos nas provas individuais mais longas, algo que nenhum outro competidor tinha conseguido numa só edição dos Mundiais.

"De outro mundo". Foi assim que Bob Bowman, o mentor de outro gigante das piscinas, Michael Phelps, qualificou Katie Ledecky. O próprio recordista olímpico também já deixou um comentário à compatriota: "Ela tem fome de títulos. É bom vê-la a dominar de forma continuada", vincou.

Em comum com Phelps, para além de ser uma das maiores estrelas de sempre da modalidade, Ledecky tem o facto de se ter estreado nuns Jogos Olímpicos aos 15 anos. A diferença é que, enquanto o nadador de Baltimore foi quinto nos 200m mariposa, em 2004, a jovem (então) promessa arrecadou o ouro logo à primeira tentativa, nos 800m de Londres 2012.

Depois do brilharete olímpico, voltou à normalidade possível. Continuou a frequentar a escola e a treinar-se em Bethesda, Maryland, sob as ordens de Bruce Gemmell. E foi com ele que preparou os Mundiais de 2013, em Barcelona, onde arrecadou nada menos do que quatro títulos e onde fixou o seu primeiro recorde planetário, nos 1500m livres.

Para esta jovem católica, o ano seguinte continuou a ser dourado. Bateu mais cinco recordes do mundo, em cerca de dois meses, e tornou-se na primeira nadadora a conquistar a sequência dos 200m, 400m, 800m e 1500m, então nos Campeonatos Pan-Pacíficos. "Ela e eu estamos em sintonia. Pensamos sempre em melhorar, mas não necessariamente nos tempos e nos recordes", explicou recentemente Gemmell.

"Quando tinha 10 ou 11 anos, não tinha ideia do que teria de fazer para fazer parte da equipa olímpica. É preciso apenas colocar a fasquia bem alta e trabalhar no duro. Na vida, é preciso sermos ambiciosos", sublinha Ledecky, citada pela AFP. "Quando fixamos objectivos, eles devem parecer irrealizáveis".