Cerca de 4000 utentes exigem reposição de horários da CP na linha da Azambuja

Movimento vai entregar abaixo-assinado à administração da transportadora ferroviária.

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O Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) vai concluir, esta semana, a recolha de um abaixo-assinado que exige à administração da CP que reponha os horários que vigoraram na Linha da Azambuja até ao passado dia 13 de Junho. O documento, que segundo os responsáveis do MUSP, já tem cerca de 4000 subscritores, será entregue nos dias seguintes à administração da empresa transportadora. Segundo Carlos Braga, membro da direcção nacional do MUSP, as “correcções” implementadas pela CP a partir de 19 de Julho estão “longe” de corresponder às necessidades da maioria dos utentes.

Em conferência de imprensa realizada, nesta segunda-feira, junto à estação ferroviária de Alverca, Carlos Braga observou que é claramente visível o descontentamento dos utentes perante as alterações promovidas pela CP. Ao lado, uma utente que se apercebeu da natureza da iniciativa do MUSP, lamentou que esteja agora obrigada a fazer transbordos na Gare do Oriente para seguir para Alcântara-Terra e para a Linha de Sintra. “Tenho de esperar 20 minutos pelo outro comboio, quando antigamente a ligação era directa a Alcântara-Terra”, criticou.

“Já havia algumas queixas, porque têm vindo a ser retirados transportes públicos. Mas eram horários que já tinham criado hábitos e as pessoas organizavam-se em função desses horários. De um momento para o outro viram-se confrontadas com alterações que são muito significativas e que, nalguns casos, lhes retiraram mesmo o transporte”, sustenta Carlos Braga, em declarações ao PÚBLICO, garantindo que o MUSP sentiu um grande descontentamento dos utentes e uma grande adesão ao abaixo-assinado. “As pessoas são muito críticas em relação à forma como a CP fez estas alterações sem consultar os utentes e sem ter em consideração aquilo que são as suas necessidades”, acrescenta, frisando que não tem conhecimento de qualquer tipo de inquérito prévio feito pela transportadora e que nenhum dos utentes com quem falou referiu que essa consulta prévia tenha ocorrido. “O que dizem é que, realmente, é inadmissível uma situação destas. Tendo em conta o volume de alterações feito, deveriam ser ouvidos os utentes para manifestarem a sua opinião. Algumas pessoas referem mesmo que, se tivesse havido um contacto prévio entre a CP e os utentes, provavelmente ter-se-ia chegado a uma conclusão que servisse as necessidades das pessoas”, refere Carlos Braga.

O dirigente do MUSP considera que as “correcções” introduzidas a 19 de Julho foram um “recuo” da CP, também devido aos inúmeros e-mails e telefonemas de protesto feitos pelos utentes. Mas cita problemas que continuam por resolver, como a escassez de comboios nas horas de ponta que fazem com que muitas composições circulem completamente cheias e com muitos passageiros em pé. A obrigação de fazer transbordos na Gare do Oriente para seguir para Alcântara-Terra é outro problema, assim como o comboio nocturno reposto entre a Castanheira do Ribatejo e Lisboa, mas que, por ter sido colocado com partida às 00h06, não servirá quem trabalha até à meia-noite, nem muitos utentes que anteriormente apanhavam este comboio na zona de Azambuja.

“A nossa expectativa é que haja um recuo total da CP e que sejam repostos os horários que vigoraram até 14 de Junho. Ou, então, que possam vir a ser elaborados novos horários que tenham em consideração e atenção as necessidades efectivas da mobilidade da população”, conclui Carlos Braga.

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