Witcher 3 não virá em português de Portugal. Oh não!

Se eu estivesse na CD Projekt RED provavelmente também não localizava o jogo. São custos de produção injustificáveis

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Pelos vistos, "The Witcher 3: Wild Hunt" não vai conter tradução ou legendagem em português. Mas isso é realmente mau?

Antigamente, e peço já desde perdão pelo típico “no meu tempo é que era”, era raro um jogo estar em português. Palavras como “play”, “continue”, “exit”, “error”, “load”, rapidamente se decifravam e entravam no léxico de qualquer apaixonado por videojogos. Se por acaso o jogo estivesse em português só podia significar uma coisa: era "made in Portugal". Casos disso eram o Paradise Café, ou Elifoot, que não deixavam marcas para dúvidas da sua origem.

No início dos anos 90, ainda me lembro quando a distribuidora Portidata anunciou que "Beneath a Steel Sky" vinha em português — um grande feito para a época. Com o passar dos anos, mais jogos começaram a estar em português, alguns como o "Euro 96" até tinham comentários ao vivo de Jorge Perestrelo (o famoso "ripa-na-rapa-peca"). Estas iniciativas foram igualmente seguidas por outras, como "MediEvil 2", na Playstation original, e, mais tarde, no novo milénio, a equipa da Sony Portugal começou cada vez mais a localizar os jogos em português. Tal como acontecia com os filmes de animação, personalidades da nossa sociedade eram convidadas a participar. Nuno Markl deu a sua voz no "Little Big Planet", Jorge Gabriel no "Buzz!", e mais recentemente Virgílio Castelo no "The Order: 1886".

Mas eis que surge uma indignação colectiva em Portugal. A polaca CD Projekt RED responsável pelo aguardado "The Witcher 3: Wild Hunt", anunciou que o seu novo título só vai ter a opção para português do Brasil. Como eles se atrevem a nem sequer traduzir um jogo para português? Blasfémia!

Já expressei a minha opinião sobre as localizações/dobragens. E visto ter passado décadas a jogar pelos termos anglo-saxónicos, um jogo vir em português é para mim... estranho (sim, sei que estou mal habituado). Antigamente, ter a nossa língua num título era considerado um bónus; actualmente é... quase um direito. Também compreendo a posição da produtora polaca. Provavelmente fizeram um estudo de mercado, viram quais eram os países que os dois primeiros títulos da saga venderam em números aceitáveis e depois lá chegaram a uma conclusão simples: não compensa localizar o jogo em português de Portugal. Nem para vozes, nem para legendagem.

Portugal não deixa de ser um mercado de nicho, especialmente em títulos como "Witcher" que são já por si produtos que por cá vendem em quantidades menores. Os próprios retalhistas nacionais confessam que tirando os jogos de futebol, e outros considerados casuais, o resto fica na prateleiras durante anos.

Se eu estivesse na CD Projekt RED provavelmente também não localizava o jogo. São custos de produção injustificáveis. Nem podemos estar a contar que a Sony Portugal que tem feito um esforço aplaudível em localizar títulos para a nossa língua, bancasse o dinheiro para isso acontecer no "The Witcher 3". Afinal, o jogo não é exclusivo das suas consolas, tal como foi "The Last of Us", "Uncharted" ou o acima mencionado "The Order: 1886".

Acima de tudo, se os nossos colegas brasileiros vão ter direito a uma versão localizada é porque é um investimento que compensa. Mas isso não significa nada. Ainda há pouco tempo, a localização de "Mortal Kombat X" recebeu muitas críticas.

Por mim, só espero que "The Witcher 3" seja realmente bom. Já existem demasiados títulos que prometem muito e entregam pouco.

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