Gala Drop encerram digressão europeia no CCB

A banda lisboeta leva o seu peculiar exotismo psicadélico ao Pequeno Auditório, esta quinta-feira, depois de ter passado as semanas anteriores a viajar por Espanha, França, Inglaterra, Holanda ou Itália.

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Os Gala Drop quando da edição de II, quando contavam com Maria Reis, das Pega Monstro, na formação da banda Marta Pina

Em Novembro apresentaram o novo álbum, II, no B. Leza, em Lisboa. No final de Fevereiro, no Teatro Municipal da Guarda, deram início a uma digressão que os levou por Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Suíça e Itália. O ciclo fecha-se esta quinta-feira no regresso a Portugal. Em mais uma noite CCBeat, os Gala Drop levarão ao Pequeno Auditório do CCB a sua música multiforme, filtro cósmico sobre figuras de guitarras africanas, reverberações dub e ritmos latinos em feliz convívio com memórias prog e space-rock. O concerto tem início marcado para as 21h e os bilhetes custam entre 11€ e 13,5€.

O percurso dos Gala Drop tem sido este: centro em Lisboa, o local de onde emana a sua música, mas olhar aberto a uma comunidade melómana transfronteiriça. Não podia ser de outra maneira para esta banda que encontrou um percussionista, agora vocalista a tempo inteiro, em Jerry The Cat, americano residente em Portugal há quase uma década, antigo músico de Parliament e Funkadelic e actor da cena tecno de Detroit, e que tem actualmente como editora a americana Golf Channel. “Isso é sintomático de muitas das bandas que procuram trabalhar um universo que se afasta da língua portuguesa”, reflecte Nélson Gomes, um dos fundadores da banda, responsável pelos sintetizadores. “Muitas delas não têm capacidade de chegar ao grande público e acabam fechadas no país”.

Os Gala Drop tal como a música aberta e expansiva que criam, não podiam ficar contidos. Edição após edição, partem em busca dessas “comunidades” alimentadas a música mais desafiante que “existem por toda a Europa”: “Procuras essas pessoas para alimentar a necessidade de tocar”, afirma Nélson.

Quando falamos com ele, está em Madrid, última data antes do regresso a Portugal. Para trás fica a boa sensação provocada pelo interesse e conhecimento crescente da música dos Gala Drop, alvo de óptima recepção crítica além-fronteiras, e pela “disponibilidade e curiosidade das pessoas”, assegurada pelo seu, digamos, exotismo peculiar.

Nélson Gomes em auto-avaliação: “A música em si é psicadélica, mas tem um brilho que desperta curiosidade pelo lado polirrítmico, pela ligação com África e pelos elementos latinos. É reflexo da Lisboa luminosa que temos, europeia mas exótica, o que amplifica e desperta novos pontos de interesse”. Há toda uma “citação de vivências” na comunidade musical local em que se movem que, diz, se reflecte depois na “esquizofrenia” que é a música dos Gala Drop. “Sempre me fascinou a dificuldade que as pessoas têm em catalogar-nos”, confessa.

Vendo um concerto dos Gala Drop percebemos perfeitamente o que quer dizer Nélson Gomes. A música da banda cuja formação nesta digressão incluiu, além de Nélson e Jerry, Afonso Simões (bateria), Rui Dâmaso (baixo) e Guilherme Canhão (guitarra), é viagem por paisagens sonoras alimentadas pelo sonho psicadélico, é alimento rítmico em cadência envolvente, é um contínuo sonoro que atrai e conquista pela forma como surge perante nós enquanto síntese inspirada do apelo físico da electrónica para pista de dança com linguagens orgânicas que procuram igualmente o abandono do corpo ao som.

Apesar das mudanças, de formação e sonoras, que a música do grupo vem sofrendo desde a estreia discográfica em 2010, essa característica continua a ser basilar à identidade da banda. “O som dos Gala Drop tem sofrido mutações por causa das pessoas que entram e as diferenças foram ganhando novo espaço. O ir buscar novas ideias tem um caminho. E as reacções que temos obtido levam-me a sentir que o caminho está certo”.

Depois do concerto no CCB, a banda preparará nova edição. Terá edição digital e em vinil de 12” e será constituído por uma mistura e remistura de dois temas que ficaram de fora do último álbum. Nela participarão nomes portugueses como Niagara e Tiago Miranda (que foi um dos fundadores dos Gala Drop) e de outros, estrangeiros ligados à cena electrónica, que por agora não podem ainda ser revelados. A edição está prevista para Julho.

Por essa altura, a banda já estará de volta à estrada. Festivais em Portugal, digressões pela Europa. E, pelo meio, novas ideias e nova música. Para que o ciclo se complete novamente.

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