Saudades coloniais

Prossegue o love affair pós-colonial entre os ingleses e a Índia.

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Prossegue o love affair pós-colonial entre os ingleses e a Índia, e como não há love affairs sem uma dimensão nostálgica é mesmo uma espécie de saudade colonial que O Segundo Exótico Hotel Marigold põe em cena (chama-se o “segundo” porque é uma sequela, já houve um primeiro, em 2012).

Um grupo de ingleses, encabeçado por velhas glórias como Maggie Smith ou Judi Dench, a viver a reforma num hotel de Jaipur, dirigido por um jovem empreendedor muito ansioso e muito ambicioso (e também muito histérico) interpretado por Dev Patel, que foi o miúdo do tristemente célebre Slumdog Millionaire de Danny Boyle e agora está um pouco mais crescido.

Entre a ambição do rapaz para o seu hotel e os problemas mais ou menos angustiantes dos seus hóspedes se joga o essencial deste filme, infelizmente mais apostado em capitalizar o apelo do folclore indiano do que em trabalhar as situações e as personagens com um mínimo de consistência ou imaginação dramática. É tudo tão pobre que juramos que nalguns planos (os com Richard Gere e Tamsin Greig, por exemplo) se vê na cara dos actores o embaraço pelas coisas ridículas que o argumento os obriga a dizer. Resta acrescentar que isto é dirigido pelo realizador de um dos mais patéticos “vencedores de óscares” de sempre (Shakespeare in Love), e manifestar a convicção de que qualquer espectador que tenha ido ver um só dos Satyajit Rays recentemente exibidos no circuito comercial facilmente perceberá não só quão canhestro é o filme mas também a sua irredimível falsidade.

 

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