Um dos rostos da revolta anti-Mubarak condenado a cinco anos de prisão

Autoridades são acusadas de reprimir implacavelmente toda a oposição – a islamista mas também a laica e de esquerda, que inicialmente apoiou o actual poder de Sissi.

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Alaa Abd El Fattah, durante a leitura da sentença HALED DESOUKI/AP

Um tribunal egípcio condenou a cinco anos de prisão Alaa Abd El Fattah, uma dos rostos da revolta democrática que levou à queda de Hosni Mubarak, em 2011. Era acusado de actos de violência ocorridos numa manifestação não-autorizada.

Os 24 acusados no processo foram condenados a penas que vão de três a 15 anos de prisão. O ministério público acusava-os de terem atacado polícias. Fattah, 33 anos, tinha já sido condenado à revelia a 15 anos de prisão, tendo agora sido novamente julgado.

Blogger e engenheiro informático, Alaa Abd El Fattah foi várias vezes preso, antes e depois do derrube de Mubarak. Depois da leitura da sentença, familiares e apoiantes dos condenados gritaram: “Abaixo o poder militar”.

A sentença foi pronunciada num contexto em que as autoridades são acusadas de reprimir implacavelmente toda a oposição – a islamista mas também a laica e de esquerda que inicialmente apoiou o actual poder. “Sissi pôs na prisão os jovens que lhe permitiram sentar-se no cadeirão [presidencial]”, lamentou a mãe de um dos condenados, citada pela AFP.

O actual Presidente, Abdel Fattah al-Sissi, é acusado de ter instaurado um regime mais autoritário do que o do antigo ditador Mubarak, derrubado por uma revolta popular.

“Para um país que teve duas revoluções é uma vergonha que jovens sejam presos por se manifestarem”, disse Khaled Daood, porta-voz do partido oposicionista Al-Dostour, que acompanhou a leitura da sentença. “Nem um único responsável do regime de Mubarak foi condenado, nem um único polícia”, afirmou também.

Sissi, um general, assumiu o poder, e fez-depois eleger, na sequência do derrube pelos militares de Mohammed Morsi, Presidente islamista eleito democraticamente e afastado em Julho de 2013.

Nos meses que se seguiram ao afastamento de Morsi, mais de 1400 pessoas, maioritariamente manifestantes islamistas, foram mortas em acções de repressão. Pelo menos 15 mil apoiantes de Morsi foram presos. Militantes laicos e de esquerda que apoiaram o afastamento do chefe de Estado islamista insurgiram-se contra a actuação do novo poder e foram também parar à prisão.

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