Râguebi português, que futuro?

Os clubes têm que funcionar mais como parceiros e não com uma clubite que limita os horizontes

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Luís Cabelo

Nos últimos tempos tem-se discutido muito sobre os modelos de campeonato sénior e como aumentar a competitividade. Temos defensores de campeonatos alargados a mais equipas promovendo mais jogos e evolução das equipas que agora são inferiores (não estaremos a nivelar por baixo?) ou pelo contrário, a redução do número de equipas na Honra com o objectivo de criar semanalmente jogos equilibrados aproximando os melhores atletas da realidade internacional mas talvez asfixiando o râguebi português aos clubes de Lisboa. Independentemente do modelo, que não creio ser a raiz do problema, como podemos potenciar os nossos campeonatos e elevar os índices competitivos?

Será que tanto clubes como federação estão a pensar em estratégias a longo prazo para o desenvolvimento do râguebi português ou apenas estão preocupados com resultados imediatos?

Será que é mais importante criar um conjunto de condições a nível estrutural em cada clube ou ter jogadores estrangeiros que até elevam o valor actual de cada plantel?

Qual é afinal a grande diferença do râguebi para outras modalidades? Não será o facto de todos lutarmos pelo desenvolvimento da modalidade, independentemente das paixões clubísticas?

Estas questões são apenas para consideração mas acredito que a resposta poderia estar numa maior cooperação entre os próprios clubes, criando um conjunto de condições e recursos, em conjunto, transversais a todos os atletas com benefícios para todos a longo prazo.

Acredito que a tendência deveria ser de se criar estruturas profissionais, com departamentos técnicos e médicos remunerados e com qualidade, criação de centros de estudos e ginásios, desenvolvimento de departamentos de marketing e comunicação para que o produto râguebi seja vendável, apetecível e coerente com os próprios valores do desporto captando interesse para empresas, pais, jovens e midia considerando um universo temporal de médio-longo prazo.

A base tem que ser criada e o mais rápido possível.

Será que cada clube poderá fazer isto sozinho? Talvez não. Uns não têm infra-estruturas suficientes, outros não têm capacidade financeira para alavancar determinadas áreas e outros não têm o know-how dentro do próprio clube ou encontram-se fechados nas suas ideias. Então juntos não podem os clubes ser mais fortes?

E a federação não poderá também beneficiar dessas parcerias e ajudar no desenvolvimento e divulgação da modalidade? Sim, existem diferentes formas de criação de sinergias:

Exemplo 1: Departamento de comunicação e marketing da federação transversal a todos os clubes, pagando cada clube um fee (clubes e federação parceiros);

Exemplo 2: Centros de fisioterapia em determinados clubes com investimento comum (clubes parceiros);

Exemplo 3: Criação de centros de estudo nos próprios clubes;

Por um râguebi, melhor os clubes cada vez têm que funcionar mais como parceiros e não com uma clubite que limita os horizontes.

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