Direitos de formação

O desporto desempenha um papel fundamental na formação pessoal, na transmissão de valores e na ética de quem o pratica estimulando ainda hábitos de vida saudáveis

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Reuters

No râguebi temos tido vários casos nacionais e internacionais de jogadores, equipas e selecções que assumem as suas responsabilidades perante a sociedade promovendo as boas práticas e sendo bons exemplos da postura e conduta que se deve ter na vida.

Apesar do papel importante dos clubes em Portugal nesse desenvolvimento pessoal, o mesmo surge naturalmente pelas próprias características do jogo e pela cultura de um desporto que se tem adaptado no tempo para continuar a servir de exemplo a gerações e gerações.

Num desporto que é amador, o grande investimento na formação é feito pelos próprios jogadores/pais. Os clubes apenas têm tido a obrigação de criar condições para se poder jogar (campos, treinadores, equipamentos, etc) e nem sempre o fazem e são os próprios jogadores que pagam maioritariamente a sua formação ano após ano abdicando ainda de diferentes compromissos pessoais pelo simples prazer de jogar râguebi com amigos.

Ao invés dos clubes estarem preocupados em receber pelos direitos de formação devem pensar em criar soluções para manter os seus activos e realmente focarem-se em apoiar verdadeiramente os mais jovens. A estratégia de quase todos é a formação pagar os seniores mas não será tempo de se alterar essa linha de actuação? Não seria importante criar parcerias com escolas para não serem prejudicados nos estudos? Não seria importante criar condições ou parcerias com instituições de saúde para uma reabilitação mais eficaz em casos de lesões ou para melhorar a nutrição em idades cirúrgicas? Não devem os clubes pensar em ter salas de estudos? Isto sim seria investimento dos clubes que merecia reflexão sobre direitos de formação.

Serve isto para dizer que os direitos de formação em Portugal surgem da necessidade dos clubes "pequenos" se protegerem perante o natural assédio dos principais clubes fornecedores de jogadores para as selecções mas num desporto amador é totalmente desajustado.

Pode parecer ingrato ter alguém que estimamos no clube durante tanto tempo para depois mudar para outro clube mas pedir dinheiro por isso não será uma visão extremista e limitada? Além disso, não será inconstitucional um jogador amador não poder ter direito de escolha sobre o clube onde quer jogar independentemente das suas razões? Será justo para o jogador fazer uma opção de mudança e ficar sem jogar um ano só por capricho de um clube? Será justo em última analise, como poderá acontecer na GroundLink perder uma oportunidade de trabalho por ter que se pagar uma indemnização ao clube "formador"?

São algumas questões que para mim têm um “não” como resposta evidente mas que merecem ser pensadas.

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