OODA: eles querem promover a marca "Oporto made"

Trabalham juntos há cinco anos, fazem projectos para todo o mundo e vão abrir escritórios no Dubai e em São Paulo. Francisco, Rodrigo e Diogo são os arquitectos do OODA, finalistas do prémio ArchDaily com uma reabilitação urbana

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Ana Mariques Maia

No início, era um escritório na Baixa do Porto, 100 metros quadrados no meio da confusão dos bares e dos turistas. Foi aí que o P3 conheceu os três jovens arquitectos, há mais de dois anos. Rodrigo Vilas-Boas, 33 anos, Diogo Brito e Francisco Lencastre, ambos com 31, são sócios no OODA — Oporto Office for Design and Architecture. Hoje ocupam um edifício que já foi uma fábrica de massas e restaurante italiano, em Matosinhos, e têm como objectivo, lá fora, “promover a arquitectura ‘Oporto made’, quase como o ‘Swiss made’”. Na calha, está um novo escritório no Dubai e um projecto de grande escala na China.

“É muito fácil fazer diferente. Será, necessariamente, mais difícil fazer melhor”, começa por dizer Diogo, sentado à enorme mesa de reuniões do OODA com os dois colegas e amigos de há vários anos. Trabalham juntos desde 2010, quando fundaram o gabinete, para explorarem o potencial individual de cada um. Não conseguem determinar que tipo de linguagem os define: preferem testar coisas e ver se resultam. Resultando, apostam em repeti-las — e em pensar em novas abordagens. Querem produzir “conteúdos relevantes” que se possam traduzir em visibilidade — aquilo que não tem faltado aos projectos concretizados no Porto.

Aquando da entrevista de 2012, tudo estava ainda no papel. “Hoje em dia, as coisas já estão construídas e, para quem procura um arquitecto, o produto final é muito importante”, acrescenta Francisco. “Ninguém compra aquilo que não sabe que existe.” Na entrevista de 2012, os três amigos e sócios mencionaram dois projectos de reabilitação urbana no Porto, entretanto concluídos: um prédio no Largo dos Lóios, em plena baixa da cidade, e o edifício D. Manuel II (DM2), bem perto do Palácio de Cristal.

Este último integrou, recentemente, a lista de 70 finalistas ao prémio internacional Building of The Year 2014, promovido pela plataforma online ArchDaily, na categoria “Housing”. “Para nós, representa um enorme orgulho, sobretudo por se tratar da categoria que talvez tenha mais submissões e, também, porque os outros quatro finalistas fazem parte das nossas referências”, comenta Diogo. “São pessoas e obras com orçamentos que devem dar para construir muitos DM2”, brinca Rodrigo.

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Proposta para concurso de empreendimento habitacional em Sorocaba, perto de São Paulo OODA

Reabilitação, "o mercado do futuro"

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Proposta para museu na Alemanha, em parceria com o atelier Menos é Mais DR

O reconhecimento da reabilitação é um dos pontos fundamentais desta candidatura, por ser “uma aposta clara da arquitectura”. Diz Rodrigo que recuperar edifícios já construídos e degradados é “o mercado do futuro”. “Na Europa temos milhares e milhares de habitações históricas desabitadas ou com serviços obsoletos (…). Está tudo construído e a população envelhecida.” Esta tendência reflecte-se nas encomendas feitas ao OODA em Portugal, “quase exclusivamente vocacionadas para a reabilitação”. É o caso de um novo projecto em Lisboa, na baixa pombalina, e de outros no centro do Porto, “onde existe uma procura insana para reabilitar”, sublinha Rodrigo.

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Proposta de concurso para cliente privado, em Sintra OODA

No entanto, “80% da produção” tem sido dedicada a concursos internacionais, “com grande índice qualitativo”. São trabalhos em grande escala, “um tipo de arquitectura que não é possível fazer em Portugal” explica Diogo. Exemplo disso é um projecto que estão a realizar na China, para um equipamento desportivo, a convite de colegas do país. Para breve está, ainda, a criação de um escritório OODA no Dubai, para onde os três arquitectos vão passar a viajar todos os meses, a par de São Paulo.

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O OODA vai ter representações no Dubai e em São Paulo Ana Marques Maia

Querem trabalhar, a partir de Portugal, para todo o lado. Porquê? “A única solução é exportar o serviço de arquitectura, não expatriar os seus agentes”, acredita Diogo, que vê esta necessidade como um facto e não como uma opinião pessoal. “Portugal tem um número de arquitectos três vezes superior à média europeia. Nem com um país com dez vezes mais encomenda pública e a crescer 6% (que nunca cresceu) teríamos trabalho para metade dos profissionais”, reflecte o jovem que trabalhou com Zaha Hadid, em Londres. Colaborar, a partir de Matosinhos, com escritórios do outro lado do mundo tem mais uma vantagem, destaca Rodrigo: “Quando eles estão a trabalhar nós estamos a dormir — e vice-versa; o projecto não pára durante 24 horas”.

“O arquitecto acaba por ser sempre um tradutor do tempo e do espaço em que actua.” É nisso que acreditam Francisco, Diogo e Rodrigo.

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