Cada família é disfuncional à sua maneira

Mesmo antes de vencer um dos prémios do último Festival de Sundance (melhor documentário americano), que terminou domingo, The Wolfpack já aparecia na imprensa americana com aura de acontecimento.

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Durante anos, a realizadora, Crystal Moselle, acompanhou e filmou seis irmãos, criados no isolamento do seu apartamento em Nova Iorque, sem contacto com o mundo exterior, porque o pai receava que fossem “contaminados” caso andassem pela cidade. O pai, um imigrante peruano e Hare Krishna devoto, era o único que tinha uma chave de casa, a qual mantinha fechada.

Todas as famílias funcionais se parecem umas com as outras, cada família disfuncional é disfuncional à sua maneira: quando não estavam a ser educados em casa pela mãe, os seis rapazes e uma rapariga da família Angulo viam DVDs comprados a preço de saldo ou trazidos da biblioteca – filmes como Blair Witch Project, The Dark Knight e Os Suspeitos do Costume eram a sua única janela para o mundo. Os irmãos, hoje com idades entre os 16 e os 23, não se limitam a ver os filmes, mas também memorizam os diálogos e reconstituem cenas entre si. Seis dos irmãos estiveram no Festival de Sundance para a apresentação de The Wolfpack, que recebeu o prémio de melhor documentário americano, e chegaram vestidos de fato preto e óculos escuros como as personagens de um dos seus filmes preferidos, Cães Danados, de Quentin Tarantino.

Foi assim que Crystal Moselle, 34, os viu pela primeira vez em 2010, na Primeira Avenida, numa das raras saídas dos irmãos Angulo (então com idades entre os 11 e os 18). A realizadora abordou-os e mais tarde teve luz verde para trazer uma câmara para o apartamento onde vivem com os pais (só um dos filhos deixou, entretanto, a casa). “Fui a primeira amiga deles e creio que ficaram tão fascinados comigo como eu com eles”, disse ao New York Times. “Senti-me como se tivesse descoberto uma tribo desaparecida da Amazónia”. Ainda não existe trailer disponível para The Wolfpack (“a matilha”, em português) .

 

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