Diário de Notícias comemora hoje 150 anos com os olhos no futuro digital

Jornal da Global Media Group pode lançar dois novos suplementos em 2015 e novo site antes do Verão. Maioria dos conteúdos digitais passa a ser paga.

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O Diário de Notícias é um dos principais títulos do grupo de Joaquim Oliveira Pedro Valente/Arquivo

É com os olhos postos na incerteza que todo o mercado da imprensa enfrenta que o Diário de Notícias comemora hoje 150 anos, mas o jornal pretende assinalar o aniversário, nos próximos seis meses, a projectar o futuro.

Depois de no último semestre ter comemorado de forma “nostálgica” o aniversário, recordando reportagens, notícias e entrevistas marcantes das suas páginas do último século e meio, o DN vai ocupar os próximos seis meses a “olhar para a frente”, a preparar-se para o cada vez mais difícil desafio do digital, contou ao PÚBLICO o director, André Macedo.

O objectivo é lançar um novo site até ao início do Verão, criar novas aplicações para a leitura digital em suportes como o telemóvel e tablet, recentrar a filosofia do jornal “aproximando-o da sua matriz inicial – com mais qualidade, com notícias mais escolhidas e melhor escritas-“, e também lançar um ou dois novos suplementos semanais.

André Macedo quer reavivar o ADN do jornal, com um “jornalismo de qualidade, exigente, que aprofunda as notícias”, que “faça a diferença” em relação ao perfil do resto da oferta do mercado, que “informe a comunidade para que esta possa tomar decisões”.

E acrescenta uma novidade: que o Diário de Notícias passe a ser um “jornal da língua portuguesa”, passando a dar mais atenção aos países lusófonos como o Brasil, Angola e Moçambique. Não só na vertente política, que é hoje a mais comum nos jornais e televisões, mas também económica e cultural, vinca o director. Para isso, está a construir uma nova rede de correspondentes.

“Os desafios que o DN enfrenta são muitos, mas não diferem dos outros jornais do mercado. O facto de termos 150 anos torna apenas mais urgente que se faça algo porque a herança tem uma parte boa - que é todo o seu património histórico - mas também outra mais complicada: o jornal envelheceu e precisa de se reformular rapidamente”, afirma André Macedo, que assumiu a direcção em Setembro, vindo do suplemento económico Dinheiro Vivo, depois da saída de João Marcelino.

A equipa vai concentrar-se no projecto do novo site, cujos conteúdos passarão a ser, na sua larga maioria, pagos. “O jornalismo de qualidade não pode ser dado”, defende o responsável, acrescentando que além dos conteúdos das edições impressas, haverá também uma aposta em áudio e vídeo – “novas formas de narrativa que precisamos de financiar”.

André Macedo diz que o modelo de negócio ainda está a ser trabalhado de forma a encontrar um modo de facilitar o pagamento – um factor que tende a dificultar a captação de leitores. “É um caminho que tem que ser feito em consonância com o resto do grupo”, que mudou há duas semanas o nome de Controlinveste Media para Global Media Group, e que detém também, por exemplo, o DN da Madeira, o Jornal de Notícias, O Jogo, a Volta ao Mundo, o Jornal do Fundão, e a TSF.

A Global Media Group enfrentou nos últimos meses um despedimento colectivo, tendo deixado o grupo quase duas centenas de trabalhadores. Perante a agonia financeira do grupo, Joaquim Oliveira abriu a porta a novos accionistas no final de 2013. Manteve 27,5%, vendeu outro tanto ao angolano António Mosquito – não é, por isso, de estranhar esta aproximação aos mercados e conteúdos sobre a África lusófona -, 15% a Luiz Montez, e entregou mais 30% em partes iguais ao BES e Millennium bcp.

O grupo tenciona vender as sedes do DN em Lisboa e do JN no Porto para tentar encaixar 40 milhões de euros para abater a dívida. Mas André Macedo diz acreditar que as notícias do DN continuarão a fazer-se na Avenida da Liberdade, no edifício inaugurado em Abril de 1940, projectado pelo arquitecto Pardal Monteiro, e que integra o património classificado da cidade.

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