Luísa Sobral e Catarina Sobral em dueto sobre a infância

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A romantização da infância é comum entre os adultos. Mas ao compor um disco dirigido ao público infantil, a cantora Luísa Sobral não se quis esquivar dos temas difíceis, das amizades complicadas, da diferença vista como alvo de escárnio no recreio, da morta de familiares, do pudor em aceitar os afectos dos pais, das primeiras paixões ou da ameaça das tecnologias ao mundo do faz-de-conta. Para não fazer a viagem sozinha, convidou Catarina Sobral, e ambas tratam o tempo das crianças como real. Em "Lu-Pu-I-Pi-Sa-Pa", álbum que chegou em Novembro às lojas, Luísa não quis fazer-se acompanhar por uma instrumentação que remete para o universo folk e jazz dos seus discos, abordando essas sonoridades em canções "dixieland", baladas de pendor Joni Mitchell, temas para orquestra e voz como se Judy Garland estivesse em terras da Disney. “Instrumentos verdadeiros”, como lhes chama em encontro com a Revista 2 no atelier da ilustradora Catarina Sobral (sem grau de parentesco). Algumas escolhas habituais nos seus álbuns, como o "toy piano" (piano de brincar), ficaram de fora para não sublinharem em excesso o universo musical infantil. Esse mesmo cuidado seria extensível à escolha de Catarina, autora de livros como "Achimpa", "Greve" e "O Meu Avô" — com o qual venceu este ano o Prémio Internacional de Ilustração da Feira do Livro Infantil de Bolonha. “Quando vi as ilustrações da Catarina, achei que ela tinha exactamente a linguagem que eu queria”, relata a cantora. “Porque aquilo que queria era fazer um disco de canções que não tratassem as crianças de forma ‘infantilóide’. A linguagem dela é ao mesmo tempo irreal, um mundo meio de fantasia, mas que não é todo cor-de-rosa. Na verdade, acho até que o meu primeiro disco [The Cherry on My Cake, 2011] é mais cor-de-rosa do que este. E adorei logo que ela mandou a capa porque, sendo um mundo paralelo, tem cores mais tristes.” Gonçalo Frota. 
Lê o artigo completo na Revista 2.