António Variações em maratona radiofónica

Radio Universitária do Minho dedica emissão especial ao músico bracarense que surpreendeu todos ao pedir que lhe dessem um acorde "entre Braga e Nova Iorque"

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António não percebia nada de música. Era um "compositor de assobio", como disse David Ferreira, da Valentim de Carvalho, a empresa que lhe gravou o primeiro álbum. "Quando me pediram para ouvir as primeiras cassetes falaram-me de um "António Cabeleireiro", "uma espécie de Frei Humano actualizado".

Se fosse vivo, António - que deixou cair no cartão de apresentação artística o nome de "António Cabeleireiro", para se apresentar ao Portugal do "Passeio dos Alegres" como António Variações - faria a 3 de Dezembro 70 anos. Foi esse o pretexto que levou a Radio Universitária do Minho (RUM) a recolher depoimentos como os de David Ferreira, para transmitir na emissão especial que transmite esta quarta feira, entre as 7h da manhã e as 8 da noite, e que permitirão revisitar a sua vida e o seu legado musical.

António foi, pois, um cabeleireiro que teve a coragem de se aproximar de Júlio Isidro quando o viu num salão da cabeleireira Isabel Queiroz do Vale. Mostrou-lhe uma cassete, que o apresentador ouviu e logo decidiu convidá-lo para o programa Passeio dos Alegres no domingo seguinte. Foi esse o arranque para uma "aparição" ("Aparição é mesmo o termo mais apropriado para nos referirmos à passagem de António Variações entre nós", diz Manuela Azevedo, que integrou o projecto Humanos) e uma carreira que foi "meteórica", de tão breve quanto influente. Não foi, porém, consensual, a receptividade que a música de Antonio Variações teve na época.

"Excêntrico" e "exótico" são os epítetos mais comuns para referir a sua aparência visual e o seu estilo musical. E há também, quem, como Vítor Rua, ex-GNR e o primeiro guitarrista a acompanhar Variações no seu primeiro álbum, não se coíba agora de admitir que aquela música era, afinal "uma parolada do caneco". A verdade é que é difícil ficar indiferente ao legado deixado por António Variações, e a RUM quer relembrar isso mesmo.


Portas abertas

Não vai ficar por passar nenhuma música de Variações, no formato original ou nas muitas versões que lhe seguiram, como as dos Humanos, um projecto com Manuela Azevedo, Camané e David Fonseca que se manteve largas semanas no "top" de vendas há sete anos. Não vão faltar depoimentos, como os de Júlio Isidro, Vítor Rua, Manuela Azevedo, Ana Bacalhau, Henrique Amaro, David Ferreira ou Lena D’Água. "Para além de todos estes depoimentos, de gente que se cruzou com o Variações e outros de músicos e críticos de agora, a RUM estará de portas abertas para receber quem queira aparecer para falar sobre o António", disse ao P3 o novo director de programação da Rádio Universitária, Rui Portulez.

Entre as duas e as cinco da tarde a emissão passará pela transmissão em directo de um debate a partir do cabeleireiro e espaço cultural Pedro Rémy entre Lurdes Ribeiro, a irmã de António Variações e Manuela Gonzaga, a autora da biografia "António Variações: Entre Braga e Nova Iorque". Estão convidados estão também o director do departamento se sociologia da Universidade do Minho, Albertino Gonçalves e Antonio Costa, dos Ermo.

A emissão pode ser acompanhada em 97.5, Braga, e rum.pt e TuneIn Radio (app), no resto do mundo.

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