Cineclube do Porto vai depositar acervo na Casa do Infante, Museu Soares dos Reis e Cinemateca

Assembleia-geral mandatou direcção para decidir sobre o destino de colecção reunida durante quase sete décadas de história.

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O Cineclube do Porto funcionou durante décadas na sede da Rua do Rosário Fernando Veludo/ Arquivo

A direcção do Cineclube do Porto (CCP) foi mandatada, numa assembleia-geral extraordinária realizada no sábado à noite, para decidir os termos em que o acervo reunido em quase 70 anos de actividade irá ser depositado em duas instituições da cidade e também na Cinemateca Portuguesa.

O Museu Nacional de Soares dos Reis, que desde 2010 tem guardado algumas partes do referido acervo e tem também acolhido actividades do cineclube, e o Arquivo Histórico Municipal/Casa do Infante foram as duas instituições portuenses que se propuseram acolher em depósito o acervo do CCP em propostas formais apresentadas à direcção.

Esta achou que devia remeter a decisão final para uma assembleia-geral convocada para a noite de sábado. E a decisão final, numa reunião que contou com pouco mais de dezena e meia de sócios, apontou para que fosse a direcção a encontrar a melhor forma de distribuir por estes dois sítios o património do CCP. O acervo, que tem vindo a ser cadastrado nos últimos meses, inclui perto de quatro mil títulos de publicações de cinema e documentação diversa, uma vasta colecção de cartazes e ainda uma série desenhos, serigrafias e matrizes de programas assinadas por artistas que marcaram a vida artística portuense e do país nos anos 1960-70, como Ângelo de Sousa, Júlio Pomar ou José Rodrigues.

Já a filmoteca do cineclube, que contém alguns títulos históricos de autores como Fritz Lang, Friedrich W. Murnau, Charles Chaplin, Buster Keaton, Sergei M. Eisenstein ou Jean Vigo, estava já destinada ao Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM)/Cinemateca, o único no país que possui condições técnicas de acolhimento e salvaguarda das películas.

A direcção do CCP viu-se na contingência de decidir agora o destino a dar, provisoriamente, à sua colecção por estar intimada a libertar, até final de Novembro, a sede histórica – actualmente em condições de avançada degradação – que desde a década de 1960 ocupou na Rua do Rosário.

Numa assembleia dirigida pelo arquitecto e cinéfilo Alexandre Alves Costa, foi consensual a decisão de se encontrar um destino provisório para o acervo do cineclube na expectativa de que, mais cedo ou mais tarde, o Porto encontre condições para a instalação do uma Casa ou Museu do Cinema que permita contar a história cinematográfica da cidade onde nasceu Aurélio da Paz dos Reis, Manoel de Oliveira, a Invicta Filme, o crítico e historiado do cinema Henrique Alves Costa, além do próprio Cineclube do Porto.
 

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