Berlim em festa celebra 25 anos sem o Muro

Concertos, memórias de activistas do Leste e um muro de luz serão pontos altos das celebrações.

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A “fronteira luminosa” onde antes estava o Muro Fabrizio Bensch/Reuters
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Berlim prepara-se para um fim-de-semana de celebrações do 25.º aniversário da queda do Muro, no dia 9 de Novembro de 1989, prelúdio da unificação alemã 11 meses mais tarde.

“Muro da vergonha” no Ocidente, “protecção antifascista” no Leste, esta estrutura com mais de 150 quilómetros foi edificada pela República Democrática Alemã (RDA) em 1961. Vítima da perestroika do líder soviético Mikhail Gorbatchov e da pressão pacífica de centenas de milhares de manifestantes, o Muro acabaria por ceder 28 anos depois. Menos de um ano mais tarde, no dia 3 de Outubro de 1990, a reunificação da Alemanha é oficial.

A chanceler alemã, Angela Merkel, que cresceu na RDA e vivia em Berlim-Leste em 1989, confessou no passado sábado no seu podcast semanal o seu “sentimento indescritível” naquela noite. “Tive de esperar 35 anos para o sentir. Nunca o esquecerei”, disse Merkel, que deve inaugurar no domingo de manhã a nova exposição permanente do Memorial do Muro e assistir a um concerto na sala do Berliner Ensemble, que foi o teatro de Bertolt Brecht.

A Porta de Brandeburgo, no centro da capital, será o coração das celebrações baptizadas com o nome “A coragem da liberdade”. Símbolo da divisão e depois da unidade desta cidade e da Alemanha, este monumento histórico com a célebre quadriga no topo encontrava-se na parte leste da cidade, com o Muro a passar bem perto à sua frente, numa terra de ninguém.

A orquestra da Staatskapelle, dirigida pelo israelo-argentino Daniel Barenboim, dará um concerto a meio do dia de domingo, marcando o arranque da festa que se espera na Porta de Brandeburgo.

Seguem-se grupos de pop, rock ou rap durante a tarde até às 18h, quando se realiza a homenagem às “vítimas do Muro”, mortas quando tentavam passar a barreira para o lado ocidental. O número de mortos é incerto: os dados oficiais dizem que em toda a RDA pelo menos 389 pessoas morreram quando tentavam fugir, um número que as associações de vítimas julgam ser subavaliado.

Uma “fronteira luminosa”
À noite continua a festa com um concerto de Udo Lindenberg, um veterano do rock alemão, que em 1983 lançou a música Sonderzug nach Pankow (“Comboio especial para Pankow”, um bairro de Berlim Leste), onde arrasa o último dos dirigentes absolutistas do Leste alemão, Erich Honecker, por não o ter autorizado a tocar na RDA.

O britânico Peter Gabriel vai cantar Heroes, o hino que David Bowie compôs à cidade dividida em 1977, quando passou uma temporada em Berlim Ocidental.

Também vão ser chamados ao palco da Porta de Brandeburgo antigos dissidentes do regime comunista da ex-RDA para evocarem as suas memórias daquela noite de 9 de Novembro de 1989.

Já a partir desta sexta-feira à noite, uma cadeia de 8000 balões luminosos desenhará, ao longo de 15 quilómetros, o traçado do antigo Muro, para que as pessoas consigam visualizar onde se erguia a antiga barreira. Os balões da “fronteira luminosa” ("Lichtgrenze"), símbolos de uma fronteira que se apagou, serão soltos para o céu berlinense no domingo à noite, ao som do último movimento da 9.ª Sinfonia de Ludwig van Beethoven – A Ode à Alegria – interpretado pela Filarmónica de Berlim, conduzida por Simon Rattle.

Paralelamente a estas festividades, Mikhail Gorbatchov, 83 anos e prémio Nobel da Paz, estará de visita a Berlim e no sábado participa num debate sobre o actual momento de tensão que se vive entre a Rússia e Ocidente, por causa da crise da Ucrânia.

Na Rússia, Gorbatchov é considerado responsável pelo caos que acompanhou a decomposição da União Soviética, mas o último Presidente da URSS é respeitado no Ocidente pela sua decisão de ter renunciado à força para reprimir as aspirações democráticas dos cidadãos dos países satélites.

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