Um exemplar de realismo social insípido

Se sociológica ou politicamente Comer Dormir Morrer terá relevância no seu discurso sobre as migrações da Europa “pobre” para a Europa “rica”, o filme é essencialmente demonstrativo.

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Um exemplar de realismo social que resulta sobretudo insípido, mesmo se Gabriela Pichler tem o cuidado de retocar o filme de modo a que ele se insira – ou pareça inserir – numa espécie de “voga”.

Mas mesmo assim, se sociológica ou politicamente Comer Dormir Morrer terá imensa relevância no seu discurso sobre as migrações da Europa “pobre” para a Europa “rica”, o filme é essencialmente demonstrativo, espécie de catálogo temático dado em sucessivas “fichas de leitura” onde, a bem dizer, nada de muito interessante acontece.

É provável, sim, que Pichler tenha pensado na Rosetta dos Dardenne, filme que tem gerado bastante descendência. Mas a graça de Rosetta estava na sua ascendência, e no facto de nele se vislumbrar ainda um eco, longínquo mas verificável, da ferocidade triste e enigmática da Mouchette de Bresson. Que aqui já não existe de todo.

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