E se o Design tivesse um ministério?

No dia em que o P3 comemora três anos pedimos a algumas pessoas que fossem o génio da lâmpada e apresentassem três ideias de futuro. Rita Maldonado Branco propõe um exercício de imaginação: e se o Design parasse, o que seria do mundo?

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Renato Cruz Santos

1. Trabalhar um ou dois dias no mercado do Bolhão

Seja peixe, carne ou legumes, aprender com quem sabe a simpatia de servir e vender a quem passa. Seja cliente local ou turista, aprender a falar com amor daquilo que se vende, às vezes com gestos ou falando português, mas mais alto, fazendo-se entender com a alegria das expressões que não precisam de tradução. Aprender, por vestir esta camisola, como é um dia desta profissão, o que se faz, e o que se sente. Usei o exemplo das vendedoras do Bolhão, pelo carinho que tenho por este lugar e pelas pessoas que o transformam na alma da minha cidade. Mas podia ser outra profissão ou outra condição. O que interessa aqui é o exercício de empatia, de sermos capazes de nos pormos no lugar do outro, de percebermos o que fazem e como se sentem. Este entendimento, na minha opinião, não só ajuda o design a fazer design para as pessoas, a servi-las melhor, como permite retirar ensinamentos que são valiosos para a sua prática.

2. Parar o design

O design está presente em todos os aspectos da nossa vida, influenciando as nossas formas de estar, de usar e fazer. Desde as cadeiras onde nos sentamos, aos cartazes que anunciam o próximo concerto que vamos ouvir, até aos dispositivos que utilizamos para comunicarmos. Tudo parece ter o dedo do design. Está inerente ao design a curiosidade de perceber e intervir, a vontade de mudar, de melhorar o que temos, de fazer diferente, de propor soluções alternativas. E se o design parasse? Como é que sentiríamos a sua falta?

3. Criar um ministério do design, ou fazer o design de um ministério

Nos últimos anos, o design tem vindo a diversificar as suas áreas de acção, trazendo novos significados a pequenas coisas desenvolvidas por outras disciplinas, fazendo a mediação cultural e adaptando-as às pessoas. Que outras áreas poderiam beneficiar do saber fazer e pensar do design? Será que um ministério do Design não faria sentido, tendo em conta o seu valor inegável para a inovação e competitividade para as empresas? E desenhar um ministério? Quais seriam os contributos do design para pensar o modo como os governos entendem e chegam às pessoas?

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