Noite para matar as saudades no Estádio da Luz

Vários reencontros marcam o Benfica-Zenit da primeira jornada do Grupo C na Liga dos Campeões. Jorge Jesus admite que futebolistas do emblema russo conhecem as suas ideias diz que a confiança é total.

Foto
Caras conhecidas no treino do Zenit no Estádio da Luz Patrícia de Melo Moreira/AFP

A visita do Zenit S. Petersburgo ao Benfica, na primeira jornada do Grupo C da Liga dos Campeões, será como um daqueles encontros que, passados vários anos, reúne pessoas que andaram juntas na escola. Esta noite, na Luz (19h45, TVI), grande parte dos protagonistas conhece-se muito bem. Será um regresso ao passado que levará muita gente de volta à temporada 2011-12: duas mãos-cheias de jogadores do plantel “encarnado” já actuava às ordens de Jorge Jesus, cuja equipa também integrava Garay, Javi García e Witsel, actualmente no Zenit. Os dois últimos sairiam logo na época seguinte, mas, nesse ano que jogaram juntos, estiveram entre os mais utilizados de Jesus. O Benfica conquistou a Taça da Liga e chegou aos quartos-de-final da Liga dos Campeões (nos “oitavos” tinha defrontado o... Zenit) e terminou o campeonato na segunda posição, atrás do FC Porto que contava com Hulk e era orientado por André Villas-Boas. Isso mesmo, mais dois elementos que agora estão no emblema russo.

“O Zenit vai ter alguma vantagem. Tem três jogadores que conhecem perfeitamente as ideias do Benfica”, apontou Jorge Jesus na antevisão do encontro. Mas isso não tira um pingo de ambição ao técnico: “O optimismo e a confiança são sempre totais”, garantiu. André Villas-Boas alinhou no mesmo discurso. “O facto de alguns de nós voltarem a casa, de alguns jogadores voltarem ao clube que representaram, não nos tira responsabilidade. Não pode ser uma distracção nem um factor de relaxamento. Tem de ser uma motivação extra e servir os objectivos do Zenit, que são passar aos oitavos-de-final”, frisou, reconhecendo que de um ponto de vista pessoal o Estádio da Luz tem “significado enorme” pelas memórias de ter sido campeão nesse estádio.

A juntar à história comum dos elementos das duas equipas há o passado de Benfica e Zenit, adversários nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões em 2011-12. Apesar de uma derrota na primeira mão, na Rússia (3-2), o Benfica seguiu em frente, carimbando a qualificação para os quartos-de-final com um triunfo em Lisboa (2-0). De resto, os “encarnados” nunca perderam em casa frente a emblemas russos, somando quatro vitórias e dois empates. Já as viagens do Zenit a Portugal (e têm sido muitas nos últimos anos, ao defrontar nas competições europeias, desde 2009, Nacional, FC Porto, Benfica e Paços de Ferreira) têm um balanço equilibrado: dois triunfos, um empate e duas derrotas.

“Era óptimo começar a Champions com uma vitória”, sublinhou Jorge Jesus, admitindo que o Zenit está a ter um bom início de época (sete vitórias consecutivas no campeonato russo) mas lembrando também o trabalho feito pelo Benfica: “É verdade que o Zenit está a apresentar um começo de época forte. Mas o Bayer Leverkusen também e o Benfica também. O Mónaco não está a começar tão bem, mas também é uma equipa com muito poder. Mantenho aquilo que disse após o sorteio: destas quatro equipas qualquer uma pode ser apurada ou nem sequer ir para a Liga Europa.”

Villas-Boas reconheceu que um empate na Luz pode não ser um mau resultado: “É um grupo extremamente difícil e quaisquer pontos obtidos fora serão importantes. Mas não quer dizer que vamos montar a equipa para conquistar um ponto. Seria extremamente errado da minha parte preparar uma equipa dessa forma”. Mas o técnico também admitiu que o Benfica é uma equipa moralizada com a goleada (5-0) ao Vitória de Setúbal e enalteceu o trabalho de Jorge Jesus. “É uma equipa que passou por um momento de mudança bastante radical. Os jogadores novos que chegaram, Samaris, Eliseu e Talisca, já evidenciam os princípios de jogo que o treinador sempre defendeu desde que chegou ao clube. Não se pode retirar mérito a isso. Não vejo um Benfica enfraquecido, vejo-o cheio de jogadores com talento. É uma equipa muito forte, uma das favoritas”, apontou.

A selecção também foi tema de conversa para os dois técnicos. Para Jorge Jesus, suceder a Paulo Bento “está fora de questão”. “Sou treinador do Benfica”, frisou o técnico, lembrando o passado recente da equipa nacional: “Todos os treinadores que treinam a selecção saem de lá completamente desprestigiados. Foi o Carlos Queiroz, agora o Paulo Bento. Está demonstrado que quem vai treinar a selecção, quando sair, em termos desportivos, sai pela negativa”. Também Villas-Boas foi crítico: “A única coisa que podemos apontar seria o timing em que aconteceu [a saída de Paulo Bento]. Talvez pós-Mundial fizesse mais sentido. É difícil de entender.”

Sugerir correcção
Comentar