Com ou sem "tranquilidade" e "normalidade" as aulas arrancam até segunda-feira

Cerca de 1, 2 milhões de alunos entram até segunda-feira nas escolas do país, para mais um ano lectivo. Nas escolas, ainda se resolvem problemas relativos a erros de colocação de professores e aguarda-se pela chegada de outros.

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A escolaridade obrigatória vai ter várias modalidades, anunciou Nuno Crato Foto: Paulo Pimenta

A maior parte das escolas públicas abrirá portas esta sexta-feira para a recepção de cerca de 1,2 milhões de alunos do 1º ao 12º ano de escolaridade e arrancará com as aulas na próxima segunda. Um processo que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) assegura que decorrerá com “tranquilidade”, nas que os directores consideram estar a ser “perturbado pelo atraso e pelos erros na colocação de professores”. Estes estarão a ser resolvidos "caso a caso", diz o presidente do Conselho das Escolas que acredita que "está a ser induzido nos directores" que as falhas são da sua responsabilidade.

“Os problemas existem, são muitos. Se não são mais visíveis é porque o MEC está a induzir nos dirigentes escolares que os erros na colocação de professores são da sua responsabilidade”, afirmou. Segundo disse, o MEC “estará a tentar resolvê-los, provavelmente caso a caso, professor a professor, porque há escolas onde foram colocados docentes que não haviam sido pedidos e outras onde eles faltam sem uma explicação razoável, já que era suposto que lhes tivesse sido renovado contrato ou que tivessem sido colocados nesta primeira fase dos concursos”.

Ao PÚBLICO, Eduardo Lemos disse ainda que lhe chegam relatos de directores que “estão a braços com problemas de professores a mais e a menos, mas não querem ser identificados”, embora, na sua perspectiva, não tenham "razões para se preocuparem”: “Depressa e bem não há quem”, citou, referindo-se “à pressão exercida sobre os dirigentes escolares nas últimas semanas” pelo MEC. Considera que, “a terem ocorrido lapsos nas escolas, eles resultaram da falta de planeamento da administração, que impôs prazos curtíssimos, impossíveis, para cumprir instruções avulsas e sempre pouco claras, que provocavam verdadeiros debates sobre a sua interpretação”.

Na mesma linha, Jorge Saleiro, da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), aponta a como exemplo a confusão gerada com professores do quadro que “foram retirados do concurso para mobilidade interna e que de acordo com as listas não têm horário zero mas, na realidade, não foram colocados em qualquer escola e não sabem o que fazer”. “O MEC deu duas horas aos directores, à noite, para mandar por e-mail uma lista dos professores a resgatar dos concursos. Os directores cumpriram as ordens sob pressão e alguém, algures, também sob pressão, teve de inserir os nomes no sistema já que, ao contrário do que é habitual, não trabalhámos directamente na plataforma informática”, relatou, para concluir que “nestas circunstâncias a probabilidade de haver erros é enorme”.

Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado do Ensino e Administração Escolar, João Casanova de Almeida, referiu-se a problemas na colocação dizendo que “o que (…) importa a todos” – “e é isso que está a ser feito com os directores e administração”, sublinhou –  “é que assim que é detectado um problema é imediatamente criada uma solução”. “Estão todos a trabalhar nisso, e não estamos preocupados em perceber de quem foi a culpa para determinada situação pontual”, disse.  

Tanto José Eduardo Lemos como Jorge Saleiro concordam com o secretário de Estado em relação à possibilidade de dar início das aulas no prazo previsto, até segunda-feira. Saleiro frisa, contudo, que “não se pode falar em tranquilidade quando muitos professores não participaram na preparação das actividades, não sabem que níveis vão dar ou quais os manuais que vão utilizar, quase em cima do dia em que entram nas salas de aula”.

José Eduardo Lemos, soma àquela preocupação a falta de professores, sobretudo nas mais de 300 escolas com autonomia ou em Território Educativo de Intervenção Prioritária (TEIP), que este ano vão recrutar parte dos professores através da Bolsa de Contratação de Escola, “um sistema novo e que ainda ninguém percebeu muito bem como funciona”, descreve. Actualmente existem 3473 horários que continuam sem ter um docente atribuído, a maior parte dos quais corresponde, segundo o MEC, precisamente aos que se destinam àquelas escolas. Na manhã desta quinta-feira o secretário de Estado Casanova de Almeida disse, segundo a Lusa, que "na próxima segunda-feira (...) cerca de 2500 já estarão nas escolas, ficando então cerca de 1000 horários" por preencher.. José Eduardo Lemos diz que "isso será óptimo", mas que não está a ver "como irá concretizar-se".

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