Klaus Wowereit vai demitir-se após 13 anos à frente da câmara e do governo da cidade-estado de Berlim. O político do Partido Social-Democrata (SPD), que já foi visto como um potencial candidato a chanceler, viu as ambições cortadas com a impressionante história de atrasos na construção do aeroporto de Berlim-Brandemburgo, que deveria ter sido inaugurado em Outubro de 2011 e que ainda não tem uma data de inauguração definida (mas não deverá ser antes de 2015).

“Deixo o meu lugar à disposição”, disse simplesmente. “Vou de livre vontade”.

Já parecem longe os tempos em que Wowereit se candidatou à câmara de Berlim, um político social-democrata que acabou por revelar a sua homossexualidade quando um jornal se prepararia para a tornar pública. Tornou-se uma figura célebre também por causa disso. “Sou gay, e isso também está bem”, disse na altura.<_o3a_p>

Enquanto esteve à frente dos destinos de Berlim, a cidade mudou, tornando-se uma metrópole cada vez mais apetecida, um dos principais destinos turísticos da Europa, depois de Londres e Paris.<_o3a_p>

Os seus críticos dizem que apesar do slogan “pobre mas sexy” (dito numa entrevista em 2004 e desde então usado para definir a cidade endividada), Berlim está cada vez mais invadida por habitação de luxo e que a gentrificação está a afastar habitantes cada vez mais para os subúrbios ou mesmo para outras cidades. <_o3a_p>

Mas terá mesmo sido o desastre da obra do novo aeroporto que terá feito o político de 60 anos anunciar a saída, marcada para Dezembro. Wowereit demitiu-se da presidência da sociedade encarregada pelo aeroporto, mas nada apaga a sua quota-parte de responsabilidade de um fiasco tão gigante quanto a magnitude da obra que iria mudar a porta de entrada aérea em Berlim.

Na conferência de imprensa desta terça-feira, Wowereit disse que “muita gente pensa sempre na crise do aeroporto, mas houve várias outras crises”.

<_o3a_p>Wowereit governou em coligação com o partido Die Linke (esquerda radical)  durante dez anos antes de formar uma coligação com a União Democrata-Cristã (CDU) em 2011.  Os Verdes já pediram eleições antecipadas para um novo executivo.