Frank Gehry (Toronto, 1929) não é propriamente um forasteiro na Europa, onde assinou alguns dos seus mais reconhecíveis projectos – do paradigmático Vitra Design Museum (1989) em Weil-am-Rhein, na Alemanha, ao para sempre hiper-icónico Museu Guggenheim de Bilbau (1997), passando pelo edifício Ginger & Fred (1996) na frente ribeirinha de Praga, e pelo complexo Ciudad del Vino, na Rioja –, mas nunca tinha sido objecto de uma operação tão ambiciosa como aquela que o Centro Georges Pompidou está agora a montar em torno da sua obra. Frank Gehry, a exposição que abre a 8 de Outubro em Paris, será a maior retrospectiva europeia alguma vez dedicada ao arquitecto que recebeu o Pritzker em 1989, reunindo cerca de 220 desenhos, 80 maquetas e uma variedade de materiais audiovisuais (Sketches of Frank Gehry, que Sydney Pollack realizou em 2005 para a série American Masters à cabeça).

Até 26 de Janeiro do próximo ano, o Pompidou revisitará assim, exaustivamente, um dos mais singulares arquitectos contemporâneos, cujas "emblemáticas criações", sublinha a instituição, "revolucionaram a estética da arquitectura, o seu papel social e cultural e a sua inscrição na cidade". Recuando até ao espaço-tempo muito particular que marca a verdadeira ascensão de Frank Gehry – a Los Angeles da década de 60, em que os seus encontros com artistas tão "espaciais" como Ed Ruscha, Richard Serra, Claes Oldenburg, Robert Rauschenberg e Jasper Johns determinam uma radical reconfiguração do modo como entende a prática arquitectónica –, a exposição inventariará não só as obras mas também os métodos do arquitecto naturalizado americano, bem como os materiais (alguns surpreendentemente pobres: cartão, chapa) que introduziu nos seus projectos. O objectivo é, explicam os curadores Frédéric Migayou e Aurélien Lemonier (também responsáveis pelo catálogo de 260 páginas que acompanhará a exposição), promover "uma leitura global do trabalho de Frank Gehry, descrevendo a evolução da sua linguagem plástica e arquitectónica". Talvez essa leitura venha a ser tão espectacular como a sua própria arquitectura, que Lisboa esteve muito perto de experimentar se o entretanto abortado projecto de reconversão do Parque Mayer tivesse efectivamente avançado: o dispositivo cénico da exposição está a ser concebido "em estreita colaboração" com o atelier Frank Gehry Partners.