A Indústria, o novo motor da economia

Só com crescimento económico sustentável podemos criar mais empregos, equilibrar as contas públicas e garantir o financiamento da escola pública, do Serviço Nacional de Saúde e do sistema público de Segurança Social.

Ao contrário da vulgata da direita liberal e dos falcões da austeridade, o problema fundamental do país é o fraco crescimento económico.

O país tem produzido abaixo das necessidades fundamentais dos portugueses.

Sem crescimento económico, o país não é viável.

Precisamos de colocar a economia nacional a produzir mais bens e mais serviços. Para isso, precisamos de um motor. De um motor que não gripe, nem ande aos solavancos. A indústria deve ser o novo motor da economia nacional.

Portugal, tal como a maioria dos países europeus, perdeu produção e investimento industrial ao longo das duas últimas décadas. A crise financeira iniciada em 2008, com a escassez de financiamento disponível para apoiar investimentos produtivos, provocou ainda uma maior diminuição da produção e emprego industrial na Europa e em Portugal. Portugal e os restantes países da Europa Ocidental perderam em média entre 5% a 10% de valor acrescentado industrial na última década. Urge inverter esta perda de capacidade industrial e iniciar uma reindustrialização de Portugal.

Proponho ao país o Plano de Reindustrialização 4.0 (PR 4.0) que responda às necessidades das actividades já instaladas e que promova e apoie novas indústrias, posicionando o país numa nova vaga industrial.

O Plano de Reindustrialização 4.0 tem três eixos:

Reforço da produção nos sectores ditos tradicionais (Calçado, Têxtil, Moldes, Máquinas e Tooling, Mobiliário, Automóvel, Petroquímica, entre outros);

Prioridade aos sectores baseados em recursos endógenos, nomeadamente, a agricultura, a agroindústria, fileira florestal, indústria extractiva e turismo;

Adopção de uma estratégia industrial 4.0 baseada no conhecimento, nas tecnologias de base digital da impressão 3D e na inovação limpa.

Estes três eixos são suportados por políticas públicas em cinco domínios: qualificação de recursos humanos; diminuição dos custos de contexto; inteligência económica, infra-estruturas logísticas, comunicações e energia, e investigação, desenvolvimento e inovação.

Dou alguns exemplos: Adequar as necessidades da economia com o plano nacional de qualificação e de formação profissional. O país não pode continuar a fazer formação profissional para ocupar as pessoas em áreas que não precisam de mais profissionais. Isso é dinheiro atirado à rua.

O mesmo deve acontecer com os planos de formação das universidades e dos politécnicos, o sistema científico e tecnológico. Articulação é a palavra-chave. O país não pode continuar a ter instituições, cada uma a trabalhar para seu lado.

A economia precisa de investimento e os investidores precisam de estabilidade e de previsibilidade. Os investidores não podem ser surpreendidos com alterações permanentes do sistema fiscal. Garanto a estabilidade do IRC e a redução do IVA da restauração para a taxa intermédia.

Reunir o conhecimento económico atualmente disperso num centro de inteligência económica e competitiva, de modo a apoiar as empresas portuguesas nos seus investimentos, áreas de negócio, exportações e estratégias de internacionalização.

Criação de uma agência única de apoio ao investimento no nosso país, através da melhor articulação ou até fusão dos organismos existentes.

Desenvolvimento do Simplex para uma nova geração de simplificação administrativa, implementando as melhores práticas nacionais e internacionais, na esteira do que foi feito nos últimos governos do Partido Socialista.

Reforço das ligações internacionais do território nacional, em particular as de natureza marítima e ferroviária, com uma aposta no sistema portuário, com especial destaque para a plataforma de Sines.

O Plano de Reindustrialização 4.0 tem como pressuposto fundamental a articulação e colaboração com o sector privado, em particular com os pólos de competitividade e os clusters, assim como em temas específicos com as associações empresariais, nacionais e de base regional, e com o sistema de ensino superior nacional, tanto ao nível do ensino quanto da investigação.

Esta é uma mudança profunda baseada num novo paradigma produtivo, uma nova fronteira tecnológica, que Portugal deve alcançar para se poder afirmar como território de criação de riqueza e de emprego qualificado no século XXI.

Poucos portugueses contestam o objetivo de pôr a economia a crescer. Difícil é encontrar a resposta sobre como fazê-lo. Esta é a minha resposta.

 

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