Histórico
Um novo álbum de Pharoah Sanders, gravado ao vivo em Lisboa com uma das mais vibrantes formações da actualidade.
Em palco, encontravam-se Sanders (saxofone tenor), Rob Mazurek (cornet, flauta, electrónica), Guilherme Granado (sintetizador, samples e percussão), Mauricio Takara (cavaquinho, percussão e electrónica), Matthew Lux (baixo eléctrico) e Chad Taylor (bateria e mbira). O fascínio e a emoção que sentimos na altura repete-se agora na audição destas sete faixas, fazendo-nos reflectir sobre a magia da música, sobre a importância do seu registo para a posteridade e, sobretudo, sobre o declínio de figuras como Sanders, que há muito conquistou a imortalidade através da sua música. O saxofonista, companheiro de palcos e de estrada de gente como John Coltrane, Don Cherry ou Dewey Redman, surge aqui como um espectro, com o seu som característico marcado por uma profunda fragilidade. Em alguns dos momentos, torna-se mesmo difícil distingui-lo no centro da complexa malha sonora. Os seus movimentos musicais são, no entanto, bem claros, ainda que ténues e algo hesitantes. Em seu redor, Mazurek e companheiros não deixam nunca a música morrer, realizando um esforço titânico para elevar o saxofonista, desdobrando-se em improvisações notáveis, sobretudo Mazurek, e longas jamsinstrumentais em que sobressai a alma orgânica da banda, equilibrada entre os sons acústicos de cavaquinho, percussão e bateria, e os sons processados da electrónica, do sintetizador e do baixo eléctrico. Um fascinante registo histórico que encerra em si próprio toda uma história.