Programa para a rentrée do Maria Matos: música com cinema, Sun Ra e o terramoto de 1755
O centenário de Sun Ra e o aniversário do mais violento desastre natural de Lisboa na agenda do teatro municipal.
Filmes que deram e darão concertos; encontros desejados, finalmente concretizados e por fim recuperados; celebrações inescapáveis e novos sons para contar velhas histórias. Tudo no Teatro Maria Matos, em Lisboa, entre Setembro e o primeiro dia de Novembro.
Será ali que o público mais a Sul poderá ver o que andaram a fazer Peixe:Avião e Filho da Mãe & Jibóia no último Curtas Vila do Conde. Honrando a tradição do festival, inspiraram-se em imagens cinematográficas para criar música nova. Os Peixe:Avião retalharam e reconfiguraram parte da sua obra para acompanhar Ménilmontant, filme realizado por Dimitri Kirsanoff em 1926. Filho da Mãe juntou-se a Jibóia para responder com som a In the Land of the Headhunters, obra realizada em 1914 por Edward S. Curtis, etnólogo e fotógrafo, junto da tribo Kwakwaka’wakw. Os filmes-concerto terão lugar a 20 de Setembro.
Uma semana depois, a 27, veremos como se concretiza em palco o encontro entre o veterano britânico Mike Cooper, pesquisador da guitarra em contexto folk e blues, músico progressista que juntou a electrónica ao apelo telúrico, e um seu fervoroso admirador, o americano Steve Gunn. Em 2013, tocaram em conjunto no Out.Fest, no Barreiro. Seguiu-se a gravação num estúdio lisboeta de Cantos de Lisboa e surgirão agora em palco composições como Saramago ou Pena panorama, num concerto em que o duo de guitarristas será acompanhado pela bateria de Afonso Simões (Gala Drop) e pelo violoncelo de Helena Espvall.
Já em Outubro, dia 18, a celebração do 45.º aniversário do Maria Matos faz-se festejando uma data ainda mais redonda. 100 Ra. Por todo o teatro, o dia será dedicado ao mítico músico jazz que completaria este ano um século de vida. Entre as 16 e as 20h, Bruno Pernadas, Nuno Rebelo, os Gala Drop e Mo Junkie farão música para Sun Ra, inspirada em Sun Ra – iremos ouvi-la na sala principal, no café, no foyer.
Nessa altura, Simon James Phillips estará já a trabalhar. O pianista australiano radicado em Berlim passará a temporada 2014/2015 em residência artística no Maria Matos. Dia 1 de Novembro, o de Todos-os-Santos, aquele em que, em 1755, Lisboa sofreu o mais violento desastre natural da sua história, estreará no Panteão Nacional O Depois, peça para instrumentos de sopro inspirada no terramoto de há dois séculos e meio.