Netanyahu promete que Hamas vai pagar pela morte de três jovens israelitas

Governo israelita convocou uma reunião de emergência do seu gabinete de crise e fez deslocar um forte contingente militar para Hebron.

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Da esquerda para a direita: Naftali Fraenkel, Gilad Shaer e Eyal Yifrah Reuters

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, convocou o gabinete de crise do Governo depois da descoberta dos corpos dos três estudantes israelitas desaparecidos há mais de duas semanas, e prometeu uma resposta dura contra o grupo islamista palestiniano Hamas, que responsabilizou pelo rapto e morte dos jovens. “O Hamas vai pagar”, jurou, à entrada do encontro.

Os corpos dos três adolescentes, que desapareceram a 12 de Junho nos arredores de Hebron, foram encontrados por voluntários civis que colaboravam com as forças de segurança de Israel em buscas num terreno aberto junto da localidade de Halhul, em território palestiniano. Eyal Yifrah, de 19 anos, Gilad Shaer, de 16 anos e Naftali Fraenkel, também de 16 anos e dupla nacionalidade israelo-americana, eram seminaristas e foram vistos pela última vez no colonato judaico de Gush Etzion, quando regressavam de um festival religioso – pensa-se que estivessem a pedir boleia até casa, uma “fórmula” utilizada por muitos israelitas para as deslocações entre colonatos no território ocupado da Cisjordânia.

“Na sequência das buscas realizadas para resgatar os jovens raptados, foram descobertos três corpos numa área a noroeste da cidade de Hebron, a norte da comunidade de Telem. Os corpos foram recolhidos por uma equipa forense para posterior identificação, e as famílias foram notificadas”, informou o Exército israelita em comunicado.

Um oficial militar citado pelo The New York Times sob anonimato disse que os jovens terão sido atingidos a tiro, “muito provavelmente pouco depois do momento do rapto”, e os seus corpos terão sido enterrados à pressa, e cobertos com pedras e plantas.

O Governo israelita fez deslocar um forte contingente militar para Hebron, na Cisjordânia. Segundo o Ha'aretz, o Exército montou um cordão de segurança à volta da cidade e fechou todas as entradas e saídas. O trânsito na principal estrada entre Jerusalém e Hebron foi cortado para facilitar a circulação das colunas militares.

Uma gigantesca operação das forças de defesa israelitas – a maior desde o fim da segunda Intifada, em 2005 – foi montada depois de as famílias terem notificado as autoridades do desaparecimento dos três rapazes. Além das buscas na Cisjordânia, o Exército deteve cerca de 400 palestinianos em raides militares e atingiu posições conhecidas do Hamas em Gaza.

Resposta israelita em debate

Durante a noite de segunda-feira, Israel lançou mais de 30 ataques aéreos na Faixa de Gaza – em reacção, segundo as autoridades do Estado hebraico, a ataques palestinianos com rockets no Sul do país. Não houve relatos de vítimas em nenhuma das acções. Três horas depois, o gabinete de crise suspendeu a reunião para decidir a resposta, sem nenhuma conclusão. O encontro continua esta terça-feira.

O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, negou qualquer envolvimento com o caso. “Israel está a tentar construir um caso para uma agressão contra nós, mas nós rejeitamos todas as alegacões e ameaças israelitas. Nenhum grupo palestiniano, incluindo o Hamas, reivindicou qualquer responsabilidade sobre o rapto. A versão israelita não é de confiança”, reagiu.

Na sexta-feira passada, as autoridades divulgaram a identidade de dois suspeitos, que segundo os serviços secretos israelitas estiveram por detrás do rapto: dois activistas do Hamas de Hebron, Marwan Kawasmeh, de 29 anos, e Amar Abu-Isa, de 32, ambos com detenções anteriores por “actividade terrorista”. O porta-voz do Exército israelita, Peter Lerner, confirmou ontem a detenção de “suspeitos ligados ao rapto”, mas recusou avançar mais detalhes sobre a investigação.

Numa nota oficial, o Presidente de Israel, Shimon Peres, lamentou a morte prematura dos jovens raptados e prometeu a intensificação dos esforços nacionais de combate ao terrorismo. O vice-ministro da defesa, Danny Danon, defendeu um ataque militar para a “total destruição do Hamas”: “Temos de demolir as casas dos activistas do Hamas, destruir e inutilizar o seu arsenal e pôr fim aos fluxos financeiros que directa e indirectamente suportam a sua acção terrorista”, declarou. “Não pode haver perdão para os assassinos de crianças, nem para quem os apoia, Chegou a altura de agir”, concordou o ministro da Economia, Naftali Bennett.

O presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas – que há dois meses assinou um acordo de colaboração com o Hamas para a formação de um governo de unidade –, condenou o rapto, apelou à calma e defendeu a coordenação entre as forças de segurança palestinianas e israelitas nas operações de busca dos adolescentes. No entanto, perante a violência da campanha militar na Cisjordânia, que levou à morte de cinco palestinianos numa semana, o líder da Fatah manifestou a sua incomodidade com a agressividade israelita e exigiu explicações a Benjamin Netanyahu. 

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