Grande Praia Grande
Das três praias perto da nossa casa a única que ainda tem areia bastante para se entrar na água sem pisar pedrinhas é a Praia Grande. Este ano a magnífica Praia da Adraga é a mais pedregosa, seguida pela Praia das Maçãs, onde a entrada pica a não ser pela extrema direita.
Anteontem a Maria João e eu tomámos um banho eufórico na Praia Grande: um daqueles banhos oceânicos e pacificadores que só na Praia Grande se podem tomar. Cada primeiro banho do ano é como nascer. Compreende-se, sensual e inteligentemente, a grande ideia atrás - e à frente - do baptismo.
Não sei como há quem se queixe da frieza destas águas. Aqui, nas praias da freguesia de Colares, os forasteiros que cá vêm e se queixam confundem o frio com a frescura.
Aqui a água é fresca: é atlântica. Traz o peso todo do oceano ao qual a história de Portugal não foi avessa. Traz resquícios da origem da nossa espécie. Quando mergulhamos o corpo e a cabeça no oceano da Praia Grande é como se estivéssemos a voltar a casa. A uma casa muito menos distante do que pensamos, à qual pertenceremos eternamente.
Os estabelecimentos da Praia Grande, concessionários ou não, absorveram a grandeza e a natureza daquela paisagem vivida, sabida e emocionantemente imprevisível. Entre-se onde se entrar, para beber um café e uma água, ou almoçar ou jantar, é-se recebido como um velho amigo.
Como um ser humano, numa praia muito mais antiga do que nós mas, magicamente, refeita à nossa medida.
Venham.