20 de Junho: dia do futebol na Costa Rica

A selecção da América Central voltou a surpreender, bateu a Itália e já garantiu uma vaga nos oitavos-de-final

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Ronaldo Schemidt/AFP

A data de 20 de Junho bem pode passar a ser o dia do futebol na Costa Rica. Foi há exactamente 24 anos que os “Ticos”, na sua primeira participação (1990), se apuraram pela primeira vez para os oitavos-de-final do Campeonato do Mundo, numa qualificação tão surpreendente como a desta sexta-feira. Em 2006, também jogaram nesta data e perderam, mas a eliminação tinha sido consumada antes.

O triunfo da selecção da América Central significou também o afastamento da Inglaterra (que só sobreviveria com a vitória transalpina e assim foi eliminada na primeira fase de grupos pela primeira vez desde 1958) e projectou um emocionante Uruguai-Itália para a última jornada. As duas equipas têm três pontos, mas à Itália serve o empate para seguir em frente por causa da melhor diferença de golos; o Uruguai só se manterá em jogo com o triunfo.

Gianluigi Buffon tornou-se o quinto italiano a jogar em quatro Mundiais (imitando Gianni Rivera, Giuseppe Bergomi, Paolo Maldini e Fabio Cannavaro) e o 23.º no total (numa lista que inclui o mexicano Antonio Carbajal e o alemão Lothar Matthäus, os únicos com cinco presenças), mas este acabaria por ser mesmo o dia da Costa Rica, que ajudará a deixar pelo caminho duas selecções que partiram para o torneio com aspirações importantes.

A equipa orientada pelo colombiano Jorge Luis Pinto está condenada a cumprir o papel de outsider, mas não se pense que o resultado da Arena Pernambuco foi injusto. A Costa Rica, que pela primeira vez somou duas vitórias consecutivas em Mundiais, foi melhor na primeira parte e aguentou sem grandes problemas a tentativa de reacção italiana na segunda.

Desde o sorteio que parecia que tinha uma montanha inultrapassável para escalar e o cenário piorou quando perdeu antes do Mundial, por lesão, o avançado Álvaro Saborío, o terceiro melhor marcador da história da selecção e o melhor no activo, além do mais concretizador na qualificação (oito golos), e o esquerdino Bryan Oviedo (Everton). Mas Pinto montou uma equipa segura, assente numa estrutura de três centrais e que conta com um trio talentoso na frente, Bryan Ruiz, Christian Bolaños e Joel Campbell.

O médio Celso Borges — filho de Alexandre Guimarães, que esteve como jogador (1990) ou seleccionador (2002 e 2006) nas três anteriores presenças da Costa Rica na competição —, deu o primeiro aviso aos 7’, mas o seu cabeceamento saiu por cima. A melhor oportunidade da Itália em todo o jogo surgiu aos 31’: Pirlo fez uma assistência fantástica para isolar Balotelli, mas o avançado errou o chapéu a Navas.

O homem do Milan voltou a tentar dois minutos depois, mas Navas estava no caminho da bola, e aos 36’ foi Bolaños a obrigar Buffon a mostrar serviço. Mas os acontecimentos precipitaram-se a favor da Costa Rica nos últimos minutos antes do intervalo. Aos 43’, Chiellini cometeu grande penalidade sobre Campbell, que o árbitro deixou passar em claro, mas no minuto seguinte Bryan Ruiz inaugurou o marcador, movimentando-se bem antes de cabecear para golo, aproveitando um bom cruzamento do lateral-esquerdo Júnior Díaz.

Cesare Prandelli mexeu na equipa na segunda metade, mas não houve melhorias significativas. A “squadra azzurra” pediu penálti sobre Balotelli aos 47’, antes de Navas frustrar Darmian (51’) e Pirlo (53’), mas, depois de 15 jogos seguidos a marcar no Mundial, a Itália ficou mesmo a zero, acabando indirectamente com as hipóteses da Inglaterra. Nos descontos, o suplente Brenes esteve perto do 2-0, mas o incrível êxito da Costa Rica não precisou de mais golos.

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