Wovenhand no Amplifest, matéria para descobrir no Milhões de Festa

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Os Frisktailers, directamente da Argentina para o Milhões de Festa, em Barcelos

Os astros alinham-se, os nomes anunciam-se, os festivais começam a definir-se. É o caso desse que se realiza em Barcelos nos idos de Julho, o Milhões de Festa, e dessoutro que tem lugar no Porto em Outubro, quando o Verão já se transformou em Outono, o Amplifest. Este último, dedicado às descargas eléctricas mais extremas e às músicas como reflexo de neurose dos nossos tempos, já tinha anunciado Pharmakon, ou seja, a nova-iorquina Margaret Chardiet, o zen gore dos YOB, o doom dos Pallbearer e os Swans de Michael Gira, magníficos nesta sua existência mais recente, como confirma o último álbum, o recentemente editado To Be Kind. Agora, sabemos que os Swans terão par perfeito: estão também confirmados os Wovenhand de David Eugene Edwards, banda que faz das tradições country e folk americanas território de pesadelo muito divino e redenção muito humana (Refractory Obdurate, o novo álbum, chegou em Abril). Para além dos Wovenhand, foram também anunciados os Wolvserpent, descritos como ponto de encontro entre o doom, o black metal e os bordões dos Godspeed You! Black Emperor.

Antes disso, porém, todos os caminhos (exageremos) irão dar a Barcelos. O Milhões de Festa, que ocupa a cidade minhota entre 24 e 27 de Julho, e que viu há uns dias garantida pela Câmara Municipal a sua realização até 2017, começou em Abril a revelar o cardápio. Temos bandas como os Earthless, instituição recente do rock psicadélico (foram formados em 2001) e concentrado de tudo o que o torna excitante, ou os deliciosos Boogarins revelados em 2013 com As Plantas Que Curam; temos o negrume gótico de Chelsea Wolfe, as batidas pós-kuduro de Nigga Fox, a synth-pop de Sequin, o rock’n’roll directo ao assunto dos Glockenwise e o rock com peso no tempo certo dos Kilimanjaro, sem esquecer o hard-rock para conduzir a alta velocidade dos High On Fire, a delicada pop psicadélica do americano Maston ou a soul garageira, vagamente tropicalizada, dos brasileiros Fumaça Preta (duas revelações patrocinadas pelo Milhões).

Tudo isso sem contar com as fronteiras que se abrirão com a chegada do tuaregue Mdou Moctar ou com as batidas globalizadas (da cumbia ao dancehall, ao hip hop) dos argentinos Frikstailers. E que se abrirão mais ainda. A organização do Milhões de Festa anunciou recentemente uma parceria com a promotora londrina Baba Yaga’s Hut e a esta já deu frutos. É tempo de começarmos a investigar os Flamingods, os Soccer96 e os The Comet Is Coming. Andam por ali mecânicas de música de dança, rituais xamânicos, free jazz, psicadelismos electrónico, eléctrico e acústico. Há por ali, em resumo, boas coisas a descobrir.

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