Angola está a fazer o primeiro censo desde que é independente
Até ao fim do mês, o país vai contar os seus cidadãos e procurar saber em que condições vivem, pela primeira vez em 44 anos.
Pela primeira vez desde 1970, Angola vai contar os seus cidadãos. Durante as próximas duas semanas, 80 mil jovens angolanos vão bater à porta de todas as casas para obter dados sobre as condições de vida dos habitantes, por exemplo sobre se têm acesso a água canalizada e electricidade, ou se têm emprego.
Estima-se que a população actual seja de 21 milhões de pessoas, mas este é o primeiro censo em Angola desde que o país obteve a independência de Portugal, em 1975, e depois viveu uma longa guerra civil de 27 anos. Se Angola é o segundo maior produtor de petróleo em África desde 1979, a pobreza afecta pelo menos 36% da população, segundo os números oficiais.
Num discurso transmitido na televisão, o Presidente José Eduardo dos Santos disse que o censo permitirá coordenar a luta contra a pobreza. “O caminho a percorrer ainda é longo até alcançarmos o bem-estar e prosperidade para todos. Precisamos também de saber quantos somos e onde estamos, como primeiro passo para organizarmos melhor a nossa sociedade”.
Os resultados finais, tratados pelo Instituto Nacional de Estatística angolano, só devem estar prontos dentro de 18 meses. Mas haverá dados provisórios sobre a dimensão da população por sexo e por província dentro de três a quatro meses, disse o director do instituto, Camilo Ceita, citado pela agência Reuters.
“A participação da população é crucial para o sucesso do censo”, afirmou Kourtoum Nacro, representante do Fundo das Nações Unidas para a População em Angola, numa conferência de imprensa que assinalou o início do censo. “Há muito a fazer para informar os habitantes, que não estão habituados a esta prática, e uma grande parte é analfabeta e não compreende qual é o interesse desta operação”, afirmou a especialista da ONU, citada pela AFP.
Em 1970, quando foi realizado o último censo, ainda Angola estava sob administração portuguesa, viviam 5,6 milhões de pessoas no território que é hoje o sétimo maior país africano, com 1250 milhões de quilómetros quadrados.